Salta ao olhos que está em curso um golpe parlamentar no Paraguai. O presidente Fernando Lugo sempre foi um estranho no ninho, sabotado e torpedeado pelas principais forças políticas guaranis (todas à direita dele, claro…).
A intenção de depô-lo vem de longe, as tentativas idem, e desta vez estão utilizando uma alegação simplesmente ridícula: desde quando o presidente da República é responsável pelas baixas num conflito entre policiais e sem-terra?!
Pior ainda é o impeachment-relâmpago que estão produzindo, com a adoção de um rito sumaríssimo que, salta aos olhos, visa liquidar a questão de afogadilho, sem dar ao povo tempo para se mobilizar em defesa do presidente dos pobres.
Um circo desses não é montado da noite para o dia. Havia, com certeza, um esquema golpista prontinho, esperando apenas o pretexto para iniciarem o espetáculo. Surgiu um factóide e a função começou: “Respeitável público…”
Parabéns ao governo brasileiro, que está se posicionando firmemente contra o golpe de estado!
É o que se espera de Dilma Rousseff. Se ela conseguir evitar que a tramóia resulte, merecerá nosso aplauso. Mas, tem de bater pesado nos bastidores, deixando bem claro aos conspiradores nosso inconformismo com tal mafuá político.
E torçamos para que Lugo tenha mais fibra do que o ex-presidente hondurenho, não entregando o ouro tão facilmente aos bandidos.
Que se mire no exemplo de Getúlio Vargas e Salvador Allende, que preferiram a morte à desonra, e não no de Manuel Zelaya, que se deixou escorraçar de pijama.
Que pense menos em apresentar sua defesa num processo de cartas marcadas (na tarde desta 6ª feira, 22) e mais em convocar o povo para a resistência ao golpismo.
Foi assim que Leonel Brizola (principalmente) conseguiu abortar em 1961 um golpe parlamentar no Brasil. Daquela vez, igualmente a toque de caixa, empossaram o presidente da Câmara dos Deputados, Pascoal Ranieri Mazzilli, quando o presidente Jânio Quadros renunciou.
Tentavam usurpar o direito constitucional do vice-presidente João Goulart, aproveitando sua ausência do País –estava em missão na China. Quando houve reação significativa, recuaram.
Recuarão de novo, se o povão for às ruas.