Espetáculo: Mulheres Vermelhas

Peça que revive o drama das mulheres brasileiras subversivas chega a São Paulo

O Mito de Antígona e as histórias de Olga Benário, Zuzu Angel, entre dezenas de outras, que falam da vida privada de mulheres subversivas que foram torturadas ou perderam a vida durante o confronto contra regimes ditatoriais, entre 1928 e 1979, serão mostradas dramaticamente na peça Mulheres Vermelhas, que chega a São Paulo para curta temporada no Teatro Studio 184, da praça Roosevelt, nesse mês de julho.

Gilson Filho, diretor da Cia. Nuvem da Noite , de Ribeirão Preto, construiu a dramaturgia do espetáculo com base em depoimentos verdadeiros publicados nas obras Mulheres que foram à luta armada, de Luis Maklouf de Carvalho; Luta, substantivo feminino, de Tatiana Merlino; A resistência da mulher à ditadura militar no Brasil , de Ana Maria Collins, Sombras da repressão, o outono de madre Maurina Borges, de Matilde Leone, Olga , de Fernando Moraes e Antígona, de Sófocles.

O diretor, com um pé no jornalismo (Prêmio Vladimir Herzog de 1988, de Direitos Humanos pela EPTV), levou um ano desde a formação teórica e prática do elenco, com realização de seminários, exibição de filmes e documentários, ensaios de interpretação, canto e dança, até a estreia da peça. O espetáculo, que cita o drama de Antígona, começa em 1928 na Alemanha, passa pelo golpe de 64 e chega a 1979 quando foi instituída a Anistia no país. Por setenta minutos, 25 atores, músicos e dançarinos profissionais, com música ao vivo, desfilam as historias de Olga Benário Prestes, Lilian Celiberti, Lidia Guerlenda, Maria do Socorro Diógenes, Damaris Lucena, Rose Nogueira, Dulce Maia, Dinalva Oliveira Teixeira, Renata Guerra de Andrade, Vera Silvia Magalhães, Maria Auxiliadora Lara Barcelos, Anadyr Nacinovic, Gilse Cocenza,Cecília Coimbra,Yara Spadini, Sonia Lafoz, Lucia Murat , Zuzu Angel, Áurea Moretti, Maria Aparecida dos Santos e Madre Maurina Borges, entre outras.

A temática, segundo Gilson Filho, não faz proselitismo político e está sintonizada com a necessidade de defesa dos direitos humanos, o mesmo que inspira a Comissão da Verdade e Reconciliação. Essa postura humanista, segundo ele, fortalece a prática democrática e o exercício da cidadania, com a preocupação de mostrar fragmentos da vida privada de pessoas que se entregaram a uma causa pública, resistindo a ditaduras militares, ao nazifacismo e que foram mortas ou barbaramente torturadas.

A concepção do espetáculo foi inspirada no teatro narrativo com base em trabalhos teóricos de Walter Benjamin e Bertolt Brecht, que leva o espectador a se envolver mais criticamente. Renato Ferreira, terapeuta psicocorporal que preparou o elenco junto com o diretor, usando as técnicas de Etienne Dacroux e Rudolf Von Laban, disse que sensibilizou os atores para passar a informação no aqui e agora também através do físico. Gilson Filho, que já passou pelo teatro de São Paulo nos anos 60 e vive em Ribeirão há quase 30, procurou fazer com que a encenação esteja a serviço da busca de um equilíbrio entre a composição estética, a transmissão do enredo e o estímulo à reflexão . Mesmo sem intenção, garante o diretor, é difícil as pessoas não saírem emocionadas ao final do espetáculo, especialmente os que passaram pelos mesmos problemas e voltam ao clima da época ao som de Chico Buarque, Milton Nascimento e João Bosco, por exemplo.

O espetáculo teve sua estreia oficial no Festival Internacional de Teatro de Curitiba e é realizado com incentivos fiscais através do PROAC- Secretaria Estadual de Cultura de São Paulo.

Patrocínio: 3M Cia. Bebidas Ipiranga Noblebioenergia e Citroëm Independence Veículos

 

Serviço

Onde: Teatro Studio 184, Praça Roosevelt 184 SP

Quando: de 12 a 15 de julho

Quanto: R$ 10

Informações e Reservas: (11) 3259-6940, (16) 32366930

(16) 9737-6959.

Fonte – O Berro

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