A Comissão Estadual da Memória e Verdade Jayme Miranda realizou, na manhã desta quarta-feira (18), no Palácio República dos Palmares, mais uma reunião para ouvir depoimentos de envolvidos direta ou indiretamente em situações de prisão e tortura durante os anos de regime militar em Alagoas.
Desta vez foram ouvidos os advogados Luiz Gonzaga Mendes de Barros e Flávio Lima Silva. O primeiro participou ativamente da defesa de diversos alagoanos capturados pela repressão, sendo o único defensor perante a Justiça do pernambucano Rubens Colaço, preso em Maceió, em 1963. Mendes de Barros detalhou em detalhes situações de tortura e sofrimento vividos por seus clientes e, naturalmente, acompanhadas de perto por ele.
Nas palavras do advogado Everaldo Patriota, membro da Comissão e condutor dos trabalhos da reunião em questão, Mendes de Barros “incomodou a ditadura como advogado, político e jornalista”.
O segundo depoente falou de sua própria experiência como preso político, capturado em 1973. Flávio Lima Santos era funcionário público da Justiça, em cargo comissionado, e filiado ao Partido Comunista Revolucionário (PCR).
Em dado momento, foi exonerado do cargo e, um mês depois, preso pela repressão.
O advogado relembrou emocionado os seis meses de agonia que viveu no cárcere. Relatou ter sofrido diversos tipos de tortura, mas pontuou especialmente os choques elétricos aos quais foi submetido.
Também estiveram presentes na reunião duas arqueólogas que trabalham na recuperação de ossadas da Vala de Perus, em São Paulo.
Marcia Hattori e Luana Alberto passaram por Recife e estão em Maceió em busca de depoimentos de familiares de possíveis presos políticos enterrados neste local, como Jayme Miranda e Gastone Beltrão, por exemplo.