No recém-lançado livro Memórias da Guerra Suja, o ex-agente policial Cláudio Guerra diz que, na condição de agente do Dops, incinerou corpos de adversários da ditadura numa usina de cana em Campos dos Goytacazes (RJ), ao longo de 1974. O depoimento é uma reviravolta na história relatada por ele mesmo. Uma biografia autorizada por ele, Guerra, o cana dura, em 1980 e 1981, destaca que o ex-agente só ingressou no Dops em setembro de 1975.
A primeira biografia foi escrita pelo jornalista Pedro Maia, que tinha acesso direto a Cláudio Guerra, um agente que se destacou na estrutura do crime organizado do Espírito Santo e na organização criminosa Scuderie Le Cocq, acusada de extermínio na Região Sudeste. “Em setembro de 1975, o já experiente delegado Cláudio Antonio Guerra foi nomeado para chefiar a temida Delegacia de Ordem Política e Social, a Dops”, escreveu Maia.
Agora, no novo livro, Guerra conta que virou “combatente dos subterrâneos da batalha contra a guerrilha no segundo semestre de 1972” e já era integrante do Dops há tempo.
O livro não confronta as diferenças de datas, mas cita a primeira biografia num trecho narrado por Guerra: “José Roberto Jeveaux (dono do jornal ‘O Povão’, de Vitória) havia patrocinado um livro sobre mim, o Cana Dura, redigido por Pedro Maia, e eu não quis participar da sua execução. Frequentávamos a casa um do outro, e não me envolveram nisso”, relata Guerra.
As declarações de Guerra no novo livro poderão pautar a Comissão da Verdade, na opinião de seus autores, os jornalistas Rogério Medeiros e Marcello Neto. Mas para isso, destacam, a presidente Dilma Rousseff terá de indicar para sua composição “pessoas maduras, isentas e equilibradas”.
Fonte – Boa Informação