Comissão da verdade

É comum ouvir que a história contada pelos vencedores em guerra nem sempre é verdadeira. Da mesma forma, devemos desconfiar da história contada pelos vencidos, principalmente quando estes se arvoram em senhores dos fatos.

O que este governo tenta fazer, com a dita comissão da verdade, é simplesmente revisão histórica por decreto, é a tentativa de repaginar a biografia dos envolvidos, a seu modo e interesse.

Aceitar isenção por parte desta comissão é acreditar nas histórias criadas pela imaginação popular como “mula sem cabeça” e outras iguais.

Até porque, o governo que nomeou e empossou essa comissão tem em sua tribo pessoas, conforme conta a história, com as mãos sujas de sangue; terroristas que assaltavam bancos e explodiam bombas em locais públicos, sequestravam e assassinavam autoridades e pessoas inocentes.

Havia ainda os rituais de justiciamento, onde eram eliminados os considerados inimigos, os traidores e também aqueles que simplesmente desistiam das ações terroristas; muitos destes estão entre os chamados “desaparecidos”.

Uma comissão da verdade que quisesse fazer jus ao nome teria que congregar representantes dos dois lados do conflito e ir fundo na investigação. Se assim fosse, pessoas que hoje ocupam cargos importantes teriam que pagar por seus atos, pois o crime de terrorismo não era nem é passível de anistia, graça ou indulto; e, além do mais, imprescritível.

Contudo, para pacificar o país e retorná-lo ao prumo a caminho da democracia, equivocadamente, ao contrário do que ocorreu na Itália, isto foi relevado e promulgou-se uma anistia ampla geral e irrestrita.

Tal equipe de historiadores teria que analisar o porquê da eclosão do movimento revolucionário de 1964, para que houvesse um entendimento melhor dos fatos. Afinal, as coisas não surgem do nada. Em tudo há um “Por quê?”.

A verdade é inegável… Foi atendendo ao clamor popular, na época, pois o governo brasileiro, apoiado por alguns chefes de Estado, queria estabelecer reformas ao arrepio da Constituição e, com isto, direcionava o Brasil, perigosamente, rumo ao porto de Moscou, que abrigava um governo com ideal ditatorial e autoritário.

Há que se ressaltar que, naqueles idos, o mundo se dividia em duas correntes ideológicas, e os vencidos, hoje, donos de uma pseudoverdade, apoiavam e queriam para o Brasil um regime stalinista, que matou mais russos do que os exércitos de Hitler e Napoleão.

Este moribundo regime tem como principais características a perpetuação no poder, presos políticos, falta de liberdade e expressão, restrição ao direito de ir e vir e corrupção desenfreada. Enfim, coisas que já estamos vivenciando no Brasil e que constituem a negação da democracia e cidadania plena.

Contra isso o povo se rebelou, por meio de gigantescas manifestações populares, nunca antes vistas, e que entraram para a história como – “A MARCHA DA FAMÍLIA COM DEUS PELA LIBERDADE”. Congregaram-se, só nas capitais de Rio e São Paulo, mais de 2 milhões de pessoas exigindo a intervenção das Forças Armadas.

Devemos nos lembrar de que esta gente, que diz querer a verdade, tem como questão de honra domesticar ainda mais a imprensa brasileira e perpetuar-se no poder, usando hoje via não menos insidiosa que a de ontem: a força ideológica, a corrupção e a compra descarada de votos, usando como subterfúgio os programas sociais.

Esta comissão da verdade parece ter como objetivo o mesmo desiderato de outra que passou por nossa cidade, a teatral comissão da anistia, que rodou o país distribuindo dinheiro público a antigos pichadores de muro, sob o pretexto de se fazer justiça.

Não devemos nos esquecer de que a anistia pode ser aceita ou não a quem lhe é ofertada e a aceitação implica reconhecer a autoria de um crime que lhe foi imputado. Não se anistia inocentes…

José Fernandes Pires
Capitão PM QOR
jofepires@gmail.com

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