Movimento pode criar grupo para acompanhar Comissão da Verdade

Integrantes do Movimento de Ex-Presos e Perseguidos Políticos (MEPPP) do Rio Grande do Sul se reuniram no plenarinho da Assembleia Legislativa para eleger os novos representantes da diretoria da entidade. Questionado sobre a expectativa quanto aos resultados da Comissão da Verdade – constituída para esclarecer os fatos e as circunstâncias dos casos de violações de direitos humanos ocorridos no Brasil entre 1946 e 1988 -, o presidente do Conselho Deliberativo do MEPPP, Sérgio Bittencourt, disse estar otimista.

Ativistas se reuniram no plenarinho do Parlamento gaúcho

Apesar de considerar curto o prazo de dois anos para os trabalhos de apuração dos fatos, ressaltou a qualificação dos membros designados pela presidente Dilma Rousseff (PT) e os possíveis desdobramentos após o término da investigação. Bittencourt ainda propõe que o movimento crie uma comissão para acompanhar e auxiliar no desenvolvimento dos trabalhos da Comissão da Verdade.

A assembleia geral extraordinária do MEPPP foi conduzida pelo deputado estadual Raul Carrion (PCdoB). O parlamentar apresentou os cinco coordenadores escolhidos: José Loguércio, cientista político; Jair Krischke, fundador do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH); Reginaldo Ives, advogado e inativo da Brigada Militar; José Wilson da Silva, ex-militar e presidente da Associação de Defesa dos Direitos e Pró-Anistia Ampla dos Atingidos por Atos Institucionais (AMPLA/RS); e Marcus Flávio de Los Santos, presidente do Sindicato dos Advogados do Rio Grande do Sul. Eles atuaram junto aos secretários Lídice Ruschel e Paulo Linhares e aos tesoureiros Lairton Ripoll e Eridan Magalhães.

O grupo também aproveitou a ocasião para aprovar o novo estatuto social da entidade, que visa a atender principalmente a adequação exigida pelo novo Código Civil, em vigor desde 2003. As alterações propostas para o documento visam a uma reforma técnica, já que a mudança possui caráter jurídico-legislativo e reconfigura o regimento defasado e incorporado quando da regência do Código Civil de 1916.

No início da reunião do MEPPP, foi exibido o filme “Vou contar para meus filhos”, dirigido pela jornalista e cineasta Tuca Siqueira. O documentário expõe depoimentos de 21 mulheres, todas ex-presas políticas que cumpriram pena na Colônia Penal Feminina Bom Pastor, no Recife. O projeto para realização foi financiado pelo Ministério da Justiça, através da Comissão Nacional de Anistia, e lançado em parceria com o Movimento Tortura Nunca Mais, de Pernambuco.

Fundado em 1999, em Porto Alegre, o MEPPP é uma associação civil sem fins lucrativos e vinculações político-partidários. Em essência, o objetivo é reunir cidadãos e cidadãs que foram presos ou perseguidos por motivos políticos e seus familiares, incentivando a luta permanente pela garantia dos direitos humanos.

 

Fonte – Jornal do Comércio

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