Joaquim Barbosa? “É um complexado, um traidor”.
A ministra Cármen Lúcia? “O Pertence (Sepúlveda) vai cuidar dela”.
E o ministro Ricardo Lewandovsky, por que não teria postergado a revisão do voto do relator?
Antônio Dias Toffoli, por seu turno, deveria ser pressionado a não se declarar impedido de participar do julgamento.
Quer dizer, então, que já é conhecido o voto do jovem ministro? Pergunta-se: teria o ex-presidente conversado com ele, assim como fez com Gilmar Mendes?
Faça-se fé nas palavras do ministro Ayres Britto, presidente do Supremo, que afirmou estar o processo maduro para ser julgado e, portanto, ser chegada a hora de julgar. Afinal, a serem atendidos os interesses dos acusados sugere-se uma nova Constituição, como a de 1937, a deplorável Polaca, em que Getúlio Vargas podia tudo, e os outros poderes podiam nada.
A propósito, é oportuno recordar uma história interessante. Quando Frederico II, rei da Prússia, decidiu construir um palácio de verão na encosta de uma colina, resolveu comprar um moinho que atrapalhava a sua contemplação da paisagem. Ocorre que o moleiro não o queria vender e recusou a proposta, levando o rei a elevar o tom de voz, ao responder que, se quisesse, poderia simplesmente lhe tomar a propriedade. Naquele momento, teria replicado o moleiro: “Ainda há juízes em Berlim!”
O rei, então, um dos déspotas esclarecidos, ante tão ingênua resposta, foi indulgente, reavaliou seus planos e deixou o moleiro em paz.
Pergunta-se, então: se até em um episódio desses, envolvendo um rei, teria se afirmado a prevalência da Justiça, por que não haverá de ocorrer o mesmo, quase trezentos anos depois, no nosso país? Afinal, ainda há juízes no Brasil. Pelo menos é o que se espera.