A entrevista do ex-ministro de Castello Branco e governador biônico de São Paulo que foi ao ar neste sábado revelou um civil-golpista de primeira hora que reconstitui a história à sua maneira.
Paulo Egydio ocupou o Palácio dos Bandeirantes entre 1975 e 1979, durante o governo Geisel, general por quem demonstra grande apreço e admiração. Disse o que quis ao repórter Geneton Morais Neto e se colocou à disposição da Comissão da Verdade.Durante seu mandato, entre outras graves violações de Direitos Humanos, ocorreram as mortes de Vladimir Herzog e Manuel Fiel Filho, “maquiadas” como suicídios, expressão que ele mesmo usou na entrevista.
Infelizmente ficaram de fora do programa informações sobre o Massacre da Lapa, em dezembro de 1976, em que foram assassinados dirigentes do PCdoB. Documentos do DEOPS/SP indicam uma ação articulada entre os órgãos da repressão e a Secretária de Segurança Pública, com o Coronel Erasmo Dias à frente, na montagem do cerco e da invasão do aparelho da rua Pio XI.
Também ficou de fora a invasão da PUC em setembro do ano seguinte, comandada pelo mesmo Erasmo Dias, em que foram presos e feridos centenas de estudantes. Uma ação dessa envergadura com certeza foi acompanhada de perto pelo governador e, quem sabe, teve seu “sinal verde”.
Dois pontos para a pauta da Comissão da Verdade se a oitiva de Paulo Egydio realmente acontecer.