Para a diretora do Centro pela Justiça e Direito Internacional, Beatriz Affonso, “é grave que as autoridades não reajam”.
O tenente-coronel reformado Paulo Malhães, de 74 anos, relatou em entrevista ao jornal O Globo a rotina do centro clandestino de detenção conhecido como “Casa da Morte”, que funcionou na ditadura militar em Petrópolis (RJ) e era mantido pelo Centro de Informações do Exército.Apontado como responsável pela instalação da casa, onde podem ter sido mortos pelo menos 22 presos políticos, Malhães disse que o local servia para pressioná-los a “mudar” de lado. Contou também que tinha cinco filhotes de jacaré e uma jiboia, capturados no Araguaia e usados para torturar presos políticos da carceragem do Pelotão de Investigações Criminais do 1.º Exército, na Rua Barão de Mesquita, na Tijuca. Procurado pela reportagem, Malhães não foi localizado.
Para Vitória Grabois, vice-presidente do Tortura Nunca Mais, tais revelações reforçam as denúncias de Inês Etienne Romeu – a única a ter saído viva da Casa da Morte – e provam que o Brasil cometeu crimes contra a humanidade. “A Comissão da Verdade deveria avançar na Justiça também.”