Encontro pode revelar informações sobre desaparecidos políticos

Os debates que ocorrerão durante o Seminário Internacional Operação Condor podem trazer à tona informações sobre desaparecidos políticos no período da ação, ocorrida nos anos 1960. A expectativa é da presidente da Comissão da Verdade da Câmara, deputada Luíza Erundina (PSB-SP). O evento está marcado para os dias 4 e 5 de julho.

 

Conheça desaparecidos da ditadura

A Operação Condor, articulada pelos governos militares do Brasil, da Argentina, do Chile, Paraguai e Uruguai, com o apoio do governo norte-americano, tinha como objetivo coordenar a repressão a opositores dessas ditaduras e eliminar líderes de esquerda instalados nos seis países do Cone Sul.

“A gente espera conseguir informações e localizar pessoas que foram vítimas da Operação Condor. Temos brasileiros que foram vítimas da repressão política, que desapareceram, foram eliminados e esperamos obter informações que virão de outros países. Esperamos que esse seminário traga luz a esses fatos horríveis”, destacou Erundina, uma das organizadoras do seminário.

A presidente da comissão diz que existem ainda cerca de 140 brasileiros desaparecidos no período da Operação Condor, de acordo com registros fornecidos por sobreviventes e familiares. “Quem sabe com essa iniciativa de trazer especialistas, advogados, jornalistas, pesquisadores se desvende fatos ainda obscuros e também se crie uma opinião pública para uma ação articulada entre o Brasil e outros países?”, argumentou.

Durante o encontro serão feitos debates sobre a perspectiva história da operação e também discussões sobre a ação político-militar ocorrida no Brasil, na Argentina, no Paraguai, Uruguai e no Chile. A participação dos Estados Unidos na operação também será debatida. Para Erundina, o debate visa ainda a tornar a ação mais conhecida na sociedade.

“É escasso o conhecimento da maioria dos brasileiros a respeito da Operação Condor. Ela foi tão decisiva na perseguição dos opositores aos regimes. Os governos dos países envolvidos estão a dever a seus povos uma posição pública de perdão”, disse. Ela acrescentou que busca a parceria da Comissão de Anistia.

O debate poderá abrir a discussão a respeito da possibilidade de revisão da Lei da Anistia no Brasil, acredita a deputada. Segundo ela, que é autora de uma projeto de lei sobre o tema, o País desrespeita acordos internacionais ao permitir que autores de crimes contra a humanidade sejam beneficiados pela Lei da Anistia.

“Vamos pressionar a sociedade pela mudança da Lei da Anistia. Essa é uma das bandeiras. Temos que criar uma grande campanha exigindo a mudança, uma reinterpretação do Artigo 1º da lei, que anistia os que cometeram crime de lesa-humanidade”, explicou Erundina.

 

Fonte – Agência Brasil

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