Projeto de criação da Comissão da Verdade será apresentado na próxima semana

Professores vão entregar ao reitor proposta de funcionamento do grupo que pretende analisar os casos de repressão na Universidade durante a ditadura militar

A proposta de estrutura, competências e prazo de trabalho da Comissão da Verdade da Universidade de Brasília será apresentada na próxima semana ao reitor José Geraldo de Sousa Junior. O esboço da comissão, concebida para investigar a repressão contra professores e alunos da UnB durante a ditadura militar, será apresentado pelos professores Cristiano Paixão, da Faculdade de Direito, e José Otávio Guimarães, do Departamento de História, pelo coordenador-geral de Memória Histórica da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Marcelo Torelly, e pela assessora do reitor, Lívia Gimenes. O objetivo do reitor é instituir a Comissão da UnB em 15 dias.

A ideia é que a UnB possa contribuir com a Comissão Nacional da Verdade instalada pela presidenta Dilma Rousseff em maio. A Comissão Nacional foi criada para investigar, em dois anos, violações aos direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988. Com sete integrantes, a Comissão criada por Dilma deverá ter como foco inicial os desaparecimentos políticos durante a ditadura militar (1964-1985). Ao fim do trabalho será produzido um relatório oficial sobre as circunstâncias das violações, apontando o nome dos responsáveis.

Existem comissões similares instituídas em âmbito estadual e municipal, como é o caso da Comissão Estadual de São Paulo, criada em fevereiro, mas ainda não há grupo com essa atuação em universidades federais. “É necessário chegar à verdade sobre os fatos para evitar a repetição dos ciclos de violência”, disse o reitor, que se reuniu na segunda-feira, 9, à noite, com o grupo que irá propor o modelo da Comissão.

Durante a ditadura militar, a UnB sofreu diversas invasões (leia aqui o histórico) e a comunidade acadêmica enfrentou forte repressão. Uma das metas da Comissão será esclarecer o que houve com Ieda Santos Delgado, Paulo de Tarso Celestino e Honestino Guimarães, estudantes da Universidade que desapareceram durante o governo militar.

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