A Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo aprovou ontem a convocação do coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do Doi-Codi de São Paulo, principal órgão de repressão da ditadura militar (1964-1985).
Ele é acusado de comandar práticas de tortura contra presos políticos na unidade, que foi criada sob o nome de Oban (Operação Bandeirante). O militar nega a participação direta em maus-tratos.
Como a comissão municipal não tem poderes para forçar a presença de testemunhas, a convocação será feita pela Comissão Nacional da Verdade, explicou o vereador Italo Cardoso (PT). Os dois órgãos assinaram termo de cooperação para permitir a tomada de depoimentos em São Paulo.
O vereador Gilberto Natalini (PV), que é ex-preso político e integra a comissão, diz ter sido torturado por Ustra: “Ele me bateu durante várias horas e me obrigou a declamar poesias nu e diante dos soldados para me humilhar”, disse.
No dia 14, numa decisão inédita, o Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou sentença de primeira instância que reconheceu Ustra como torturador. Ele ainda pode recorrer.