Na mesma ocasião, será lançado o documentário Eu Me Lembro, que apresenta o trabalho feito ao longo dos últimos cinco anos por todo o país pelo projeto Caravanas da Anistia, pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, o Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS) e a XBrasil.
O Caravanas da Anistia julgará o processo de Daniel Carvalho de Souza, filho de Irles Carvalho e Herbert José de Souza (conhecido como Betinho, irmão do Henfil). Nascido em São Paulo, em 23 de outubro de 1965. Exilou-se com os pais em Cuba, em 1968. Volta ao Brasil em 1969 na clandestinidade, sem contato com familiares e amigos. Até os cinco anos, usava o nome falso de Mariano. Aos seis anos, mudou-se para o Chile com a mãe, numa viagem que durou 28 dias e posteriormente para a Suécia. Retornou ao Brasil após a anistia de 1979.
Outra beneficiada pela iniciativa será Maria Cristina da Costa Lyra, que participou do movimento estudantil em Brasília e militou também no Rio de Janeiro junto ao Partido Revolucionário dos Trabalhadores. Ela informa que foi designada a trabalhar como operária, sendo presa em 1970 e monitorada pelas agências de informação durante o regime militar.
Maria Célia de Melo Lundberg também terá o requerimento de anistia julgado. Graduada em Educação Física em 1966 e em Geografia em 1971, pela Universidade Católica de Minas Gerais, atuou como professora no município de Sabará. Militante da Aliança Libertadora Nacional (ALN), foi presa em Belo Horizonte, em 7 de janeiro de 1971, juntamente com seu irmão Hervê Mello. Na prisão sofreu torturas e violências sexuais, praticada por agentes do Estado. Atualmente reside em Lund, Ejdervagen, Suécia. Desde o exílio não voltou mais ao Brasil. Aspira, com o eventual deferimento da anistia, retornar ao Brasil.
Caravanas na Anistia – A iniciativa da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça percorre todo o país e realiza sessões de julgamento de anistia – assim como as realizadas em Brasília – ocorrem em locais público com a finalidade de informar e educar a sociedade.
Eu me lembro – O filme reconstrói a luta dos perseguidos por reparação, memória, verdade e justiça por meio de imagens de arquivo e de entrevistas. O documentário recebeu recursos da primeira chamada pública do projeto Marcas da Memória, iniciativa que reúne depoimentos, sistematiza informações e fomenta iniciativas culturais para permitir à sociedade conhecer o passado recente do país e dele extrair lições para o futuro. Por meio de edital, o projeto do Ministério da Justiça financia ações culturais ligadas à anistia, como exposições, cinema, filmes etc.
O filme é uma produção do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS), uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) do Rio de Janeiro, que foi selecionado e começou a ser montado em 2010 e levou quase dois anos para ficar pronto. A película retrata a ação educativa Caravanas da Anistia, que tem percorrido diversos estados onde houve perseguições e julgou os processos dos cidadãos perseguidos.
Como o título traduz, a luta de todos os que resistiram à ditadura não ficou no passado, pelo contrário, encontra-se ainda latente em todas as gerações e, principalmente, nos sonhos e ações da juventude atual, por meio de atos de desagravo contra torturadores e do regime militar. O documentário faz um registro do trabalho histórico que a Comissão da Anistia do Ministério da Justiça tem realizado no Brasil, uma referência para outros países que sofreram com regimes de exceção na América Latina.
Ficha técnica
Eu me lembro – Dirigido por Luiz Fernando Lobo e produzido por Tuca Moraes, o longa mostra imagens de julgamentos e a história da ditadura brasileira por meio dos depoimentos e imagens inéditas de arquivo da Comissão da Anistia do Ministério da Justiça e de acervos pessoais. Realizado pela XBrasil e pelo Instituto Ensaio Aberto (IEA), Eu Me Lembro leva o espectador aos bastidores do processos de anistia de militantes como Glauber Rocha, José Celso Martinez e Carlos Marighella. Há também depoimentos do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e do presidente da Comissão de Anistia e secretário Nacional de Justiça, Paulo Abrão Com entrevistas contundentes, o filme traz um destaque especial para o debate sobre o direito à Memória, à Verdade e à Justiça.
Fonte – Ministério da Justiça