Presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, é um dos maiores incentivadores da criação da comissão e acredita que os trabalhos no Rio ainda não começaram por falta de vontade política. “O Rio está bem atrasado neste aspecto. Outros Estados, como Rio Grande do Sul e Pernambuco, já instauraram suas comissões”, afirmou Damous que critica também a constante falta de quórum nas votações. “De um lado você tem a falta de vontade política e quórum dos deputados para as votações e do outro a postura obstrucionista do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). Espero que hoje esse obstáculo seja superado”, afirmou.
Bolsonaro é um dos maiores opositores da comissão, que considera “revanchismo”. No ano passado, o deputado chegou a interromper uma coletiva do então líder do governo na Câmara, Candido Vaccarezza (PT-SP), e acusou o governo federal de montar uma “farsa” com as articulações para a criação da Comissão da Verdade.
A instauração da Comissão fluminense tem o apoio do governador Sérgio Cabral (PMDB), que na semana passada aceitou uma sugestão da OAB e enviou uma mensagem à Alerj incentivando a criação do grupo.
Depois de aprovada e instalada, a Comissão da Verdade poderá apurar informações de que existiram vários centros de tortura, conhecidos como “casas da morte”, em funcionamento no Rio de Janeiro durante o regime militar (1964-85). Esses locais eram centros de tortura usados pelos militares, mas instalados em imóveis em áreas residenciais, para manter a aparência de normalidade, disse o presidente da OAB.
Segundo Damous, o Rio de Janeiro foi o Estado com maior número de “casas da morte” no País. Até agora, só se tinha detalhes da existência de uma dessas casas, em Petrópolis, na região serrana do Rio. Contudo, há informações de que pode ter funcionado também no Jardim Botânico, na zona sul da capital.
Fonte – Terra