Foi através de depoimentos de Marival a jornalistas, feitos a partir de 1992, que se tornou possível obter informações que envolve a morte e o desaparecimento da cúpula de organizações políticas que se opunham ao regime militar, entre elas a direção do PCB, da ALN e do PC do B.
No período da ditadura ele teria trabalhado apenas com análise de informações, sem participar diretamente de ações de prisão, tortura, morte e desaparecimento de opositores do regime. Atuou na Segunda Seção do comando do 2º Exército, em São Paulo, e no DOI-Codi.
Em seu depoimento, que teve a duração de cinco horas, Marival confirmou que empresas e empresários simpatizantes do regime militar contribuíram com recursos financeiros e materiais para a repressão. “Antonio Carlos Bicalho Lana foi torturado e morto no sítio de um empresário do ramo de transportes”, disse o ex-militar, referindo-se ao militante da Aliança Libertadora Nacional (ALN), que, segundo a versão das autoridades, teria morrido em tiroteio, no bairro de Santo Amaro.
Segundo o levantamento Direito à Memória e à Verdade, da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, após ter sido morto sob tortura, em 1973, Lana foi enterrado como indigente no Cemitério Dom Bosco, em Perus. Ele tinha 24 anos.
Fonte – Estado de S.Paulo