Foram ouvidas cinco testemunhas sobre a morte de Bacuri – Ariston Lucena, Ottoni Fernandes, Reinaldo Morano, Calos Pittoli e Roberto de Assis Tavares – além do depoimento da esposa de Eduardo Leite, Denise Crispim. Em relação a Luiz Eurico, foram ouvidos Fernando Morais, Ricardo Carvalho e Suzana Lisboa.
“Nós já tínhamos ouvido depoimentos de vítimas em reuniões da Comissão da Verdade, mas não assim, colocar uma vítima com várias testemunhas, confrontando depoimentos, cobrindo toda uma história da prisão, como foi no caso do Bacuri, inclusive com alguém que estava no serviço militar na época”, disse a conselheira da Comissão Nacional da Verdade, Rosa Maria Cardoso.
“Eu acho que o caso do Bacuri, inclusive por documentos que se tem, muito mais até do que foi apresentado aqui, vai ficar muito comprovado o tipo de crime que aconteceu. Realmente, a morte dele foi ilegal, foi criminosa, é a morte de uma pessoa que está presa e desarmada. Isso é inaceitável segundo as próprias leis do regime militar vigente”, acrescentou.
Bacuri foi preso em 1970. Segundo o site do grupo Tortura Nunca Mais, o drama de Bacuri, que, na época, tinha 25 anos, “é o mais terrível de todos os casos conhecidos de crime político”. Bacuri foi torturado por meses e chegou a receber de seus algozes, na cela, um jornal que noticiava sua fuga da prisão. Ele permaneceu preso e incomunicável até sua morte. A versão dos militares é que ele foi morto em um tiroteio após escapar da prisão.
“Para mim, hoje foi importantíssimo porque é minha vida que volta, é a história do Eduardo [Bacuri] que volta, procurando a verdade. Eu estou pronta agora para conhecer tudo, para encontrar as pessoas, inclusive aquelas que fizeram a execução dele, que mandaram, eu estou pronta para me confrontar com eles”, disse Denise Crispim.
Já Luiz Eurico Tejera Lisboa, membro da Ação Libertadora Nacional (ALM), foi preso em circunstâncias desconhecidas em São Paulo, na primeira semana de setembro de 1972, e estava desaparecido. Em 1979, seus restos mortais foram localizados enterrados, sob o nome de Nelson Bueno, no Cemitério Dom Bosco, no bairro de Perus, em São Paulo. A versão oficial para sua morte foi suicídio.
“Estamos aprendendo a fazer a Comissão da Verdade. Estamos construindo. Talvez a gente saiba aonde quer chegar, mas não sabe como chegar lá. Acho que hoje foi um dia importante, nós temos 140 biografias a serem apuradas, são 140 mortos desaparecidos no estado”, disse o presidente da Comissão Estadual da Verdade, o deputado Adriano Diogo.