Comissão da Verdade aponta responsáveis por mortes na ditadura

Fonteles divulgou 11 textos sobre morte de sete opositores do regime. É a primeira vez que a Comissão divulga textos de seus integrantes

Trecho de texto da Comissão Nacional da Verdade (Foto: Reprodução)

O ex-procurador geral da República Cláudio Fonteles divulgou no site da Comissão Nacional da Verdade 11 textos de sua autoria que responsabilizam agentes militares pelo assassinato de sete opositores do regime durante a ditadura. Esta é a primeira vez que a Comissão divulga textos produzidos por um dos seus membros.

Sete dos onze textos tratam dos casos de assassinatos ocorridos em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Pernambuco. Neles, aparecem algumas táticas utilizadas pela ditadura para tentar esconder o real motivo das mortes dos opositores do regime, como registros de resistência à prisão seguida de morte, até “manipulações macabras, como a troca do corpo de um militante assassinado no IML de Belo Horizonte para impedir o reconhecimento da vítima pela família,” afirma a Comissão.

Um dos textos também conclui que o militante Carlos Marighella “foi eliminado por agentes públicos do Estado, sob a supervisão direta do general Milton Tavares de Melo, na condição de Chefe do Centro de Informações do Exército a que se subordinava a Operação Bandeirante”.

Foram cinco meses de pesquisa e análise de documentos no Arquivo Nacional, em Brasília, além de laudos periciais solicitados de forma independente pela comissão.

Segundo a Comissão, Fonteles tem sido auxiliado tanto por servidores do Arquivo Nacional, como por assessores.

Os textos também falam sobre os falsos suicídios de Manoel Fiel Filho, Raul Amaro, Nin Ferreira e João Lucas Alves, pois, de acordo com a Comissão da Verdade, os argumentos das mortes foram desmontados por depoimentos e documentos gerados pela própria ditadura.

Fonteles concluiu ainda, com base em laudos do IML, que a morte de Joaquim Câmara Ferreira, o Toledo, não se deu por conta de seus problemas de saúde, mas devido à tortura.

Os outros quatro textos divulgados, “O Estado Ditatorial Militar”, “A União Industrial Militar”, “O Estado ditatorial militar e o Poder Judiciário” e “Operação Ilha”, apontam informações estruturais do regime e detalhes do desmantelamento de um núcleo da Ação Libertadora Nacional, no norte de Goiás. Segundo o documento, todos os exilados que voltavam de Cuba, automaticamente entravam numa lista de marcados para morrer.

 

Fonte – Jornal Extra Alagoas

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