A ministra participou na terça-feira (27) do Seminário Latino-Americano sobre Lugares de Memória, na sede do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro. No evento, a ministra disse que a preservação da história e da memória das vítimas de tortura e morte no antigo Dops fazem parte de uma política nacional. Durante o evento, Maria do Rosário também pediu que, em Porto Alegre, o casarão da Rua Santo Antônio, conhecido como Dopinha, seja destinado ao mesmo fim.
As negociações para instalação de um memorial no prédio do antigo Dops, no Rio, no entanto, dependem de negociações com a Polícia Civil, atual administradora do imóvel. Segundo a subsecretária estadual de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos, Andréa Sepúlveda Brito Carotti, a chefe da Polícia Civil fluminense, a delegada Martha Rocha, é simpática à proposta.
Mas, segundo o subchefe Administrativo da Polícia Civil, Sérgio Caldas, o prédio construído em 1912, deve ser reformado para para receber o Museu da Polícia. O imóvel é tombado e passou por duas ditaduras: a de Getúlio Vargas e a do regime militar que se se instalou no país entre 1964 e 1985.
No entanto, o Coletivo RJ, Memória, Verdade e Justiça, que reúne 20 instituições da sociedade civil, como a Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro, não abre mão do prédio. A entidade reivindica que no local funcione a Comissão Estadual da Verdade, assim que for nomeada.
“Temos que mudar aquilo, um prédio que serviu para repressão, tortura e execução durante décadas. Temos que entregar para a população, não para a polícia de novo”, disse Ana Miranda, do Coletivo RJ. “O Dops é uma lembrança do que não queremos mais”, completou.
Vera Vital Brasil, também do Coletivo RJ, pediu pressa na nomeação da Comissão Estadual da Verdade. “A comissão vai investigar o que ocorreu no Rio, nos centros de tortura. Vai investigar os mandantes, os executores e o que aconteceu com os mais de 160 mortos e desaparecidos no estado”, declarou.