Em depoimento à Comissão da Verdade, pouco divulgado pela imprensa, o historiador Jair Krischke afirmou que a chamada Operação Condor, que atuou em países da América do Sul, foi, na verdade idealizada e executada principalmente pelo aparelho repressivo brasileiro durante a ditadura militar.
Krischke, presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, entregou 205 documentos que, segundo ele, provam que o Brasil participou ativamente da criação da rede entre os países do Cone Sul que perseguia, torturava, matava e fazia desaparecer oposicionistas aos regimes ditatoriais da região.
“Quem iniciou essa prática foi o Brasil, que a chamava de Plano de Busca Externa”, afirmou Krischke.
Dentre os documentos entregues, constam alguns datados do início dos anos 70, período em que a Operação Condor ainda não havia sido oficialmente instituída. “Esses documentos têm o condão de provar, definitivamente, que o Brasil foi o criador da operação Condor”, disse Krischke, explicando que ainda que o nome Condor só tenha surgido em 1975, a troca de informações entre os governos para eliminar opositores já existia cinco anos antes.
Os documentos entregues por Krischke narram em detalhes a captura no Brasil de estrangeiros originários de países do cone sul, e apontam listas de argentinos, chilenos e uruguaios perseguidos em seus países de origem, enviadas ao exército brasileiro para que o mesmo fosse feito aqui.
A Operação Condor foi uma aliança político-militar entre os regimes militares do Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai. O objetivo era de coordenar ações para eliminar os líderes da resistência às ditaduras desses países.