Antonio Sampaio foi acusado de ser comunista pela Ditadura
Sampaio teve o nome fichado por perseguição política. Viagem de trem a um congresso em Recife com lideranças. Adelson Sampaio deu entrada no processo no ano de 2010
Antonio Sampaio foi acusado de ser comunista pela DitaduraFerroviário, sindicalista e político, Antonio Sampaio, natural de Itirapina, militou em defesa da classe trabalhadora, numa luta pela garantia dos direitos dos colaboradores da antiga Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Defendendo melhores salários para os ferroviários, no dia em 17 de fevereiro de 1957, em Rio Claro, reuniu-se em assembleia na maior concentração da categoria do Brasil. Tal evento contou com a presença de várias lideranças, como Irineu Prado e Ary Normantom, presidente do sindicato e deputado federal que foi caçado pelo AI-5 à época.
O seu comprometimento pelo causa, no entanto, ocorreu num período de repressão e autoritarismo, sendo perseguido pelos militares da Ditadura. De 1946 até 1986, ano de seu falecimento, sofreu os efeitos diretos do autoritarismo. Sampaio teve o nome fichado por perseguição política no extinto Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo – Dops. A unidade instaurada pelos militares perseguia, prendia e torturava políticos, jornalistas e qualquer manifestante de cunho comunista.
Provocando profundas transformações no cenário nacional e na Constituição, como a supressão da liberdade do povo, do exercício da cidadania e democracia, o Regime Ditatorial, de 1964 a 1985, acusou-o de comunista e o fez até perder o emprego, conforme relembra o filho Adelson Sampaio. “Meu pai teve a carreira profissional prejudicada por perseguição política a partir do ano de 1948, quando foi dispensado do emprego sob acusação de ser comunista e suspeito de ligação com o antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB) e, também, pelo fato de seu nome figurar entre os principais elementos comunistas existentes na região de Campinas, conforme é citado em vários documentos da Divisão do Serviço Secreto (SS)”, comenta.
Decorridos 66 anos, somente agora Antonio Sampaio recebeu do governo brasileiro, por meio da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, pedido de desculpas que lhe concede “Anistia Política in memória”. A viúva Iolanda de Souza Sampaio, 86, teve direito na prioridade de análise e julgamento do processo. Como advogado, o filho deu entrada no processo em 2010. “Meu pai foi perseguido porque tinha um sonho: queria uma sociedade mais justa, humana e democrática”, conclui.
Antonio Sampaio fazia parte do grupo político de esquerda que apoiou a candidatura de Juscelino Kubitschek à presidência da República. Tinha ligação política com Luiz Carlos Prestes, João Amazonas, Ulysses Guimarães, Francisco Amaral, Orestes Quércia e André Franco Montoro.
Fonte – Jornal Cidade