Arquivos do famigerado DOPS no Maranhão citam grandes personalidades brasileiras

Em 1991 o Arquivo Público do Governo do Estado do Maranhão, recebeu os documentos do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) em São Luís, que estavam na Secretaria de Segurança Pública do Estado. Isso, um ano depois do órgão que havia servido vários governantes como instrumento de repressão, principalmente durante o Estado Novo e o Regime Militar de 1964 ser extinto no Brasil.

Em 1997, a historiadora Maria Helena Espínola foi a responsável pela organização de todo a documentação do DOPS no Arquivo Público, por conta do projeto Memória Revelada. São duas estantes com centenas de pastas contendo fichas, dossiês, panfletos e recortes de jornais de pessoas ligadas as atividades políticas ou movimentos sociais.

Nos arquivos são recorrentes os nomes de algumas personalidades da política maranhense. Além dos Deputados Federais cassados Neiva Moreira, o ex-governador Jackson Lago, o líder camponês Manoel da Conceição, a médica Maria Aragão, O ex-deputado e ex-prefeito Sálvio Dino, o ex-deputado Haroldo Sabóia, O Bispo Emérito Dom Xavier, Padre João Maria Van Damme, Padre Marcos Passerini, Padre Victor Asselim, Padre Heider Furtado, a ex-deputada Helena Heluy, o poeta bandeira Tribuzzi, o médico José Augusto Mochel, a professora Rosa Mochel e Alan Kardec Duailibe Barros.

Os documentos estão disponíveis para pesquisa, porém há restrições. Por exemplo, para pesquisar a médica e comunista declarada Maria Aragão é necessário uma declaração da família permitindo consulta e publicação. O ideal seria criar uma lei estadual tornando esses documentos públicos e irrestritos. Assim como já fez o Estado de São Paulo.

Segunda a historiadora, além da Comissão Nacional da Verdade, várias pessoas já solicitaram dados do arquivo para dar entrada em processos de pedidos de indenização. “Um ex-vereador de Imperatriz, Carlos Lima de Andrade e Celso Coutinho, dono de cartório, por exemplo, já pediram documentos, afirmando terem sido prejudicados na época dos militares.”, conta Maria Helena.

Nem tudo está completo, e para uma pesquisa mais aprofundada, muitas vezes é necessário recorrer a arquivos no Rio de Janeiro, Fortaleza ou Teresina, para onde os presos políticos podiam ser levados para interrogatório, prisão ou tortura. Era uma sofisticada rede de informações nacionais e nem sempre a pessoa fichada no DOPS estava envolvida em atividades políticas. Bastava participar, como ouvinte de uma reunião de estudantes, uma assembléia sindical ou uma passeata para ser fichado.

Tempos difíceis onde para conseguir um emprego era necessário apresentar um Atestado de Antecedentes Políticos e Sociais, conhecido como Atestado ideológico. Um período da nossa história que precisa ser lembrado, estudado minuciosamente e amplamente divulgado para que não repita nunca mais. Nunca mais.

 

 

Fonte – O Imparcial

 

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