Militar morto na Capital comandava o Doi-Codi no ano do Atentado do Riocentro

Coronel Júlio Miguel Molina Dias, 78 anos, foi assassinado a tiros no bairro Chácara das Pedras

O coronel reformado do Exército assassinado na noite de ontem, na Capital comandava o Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), em 1981, ano do Atentado do Riocentro. O órgão de repressão no período da ditadura militar foi apontado como sendo responsável pelo episódio. Júlio Miguel Molina Dias, de 78 anos, foi morto em uma suposta tentativa de assalto, no bairro Chácara das Pedras.

De acordo com Jair Krischke, integrante do Movimento Justiça e Direitos Humanos, lembrou no entanto, que outro coronel, Dickson Grael, atribuiu ao gaúcho a responsabilidade do atentado no Rio de Janeiro. 

Grael foi convidado para fazer o Inquérito Policial Militar sobre o ataque frustrado. Ao prometer investigar a fundo, foi afastado, destacou Krischke. Anos depois, lançou o livro A Sombra da Impunidade, acusando o Doi-Codi pelo ataque. O coronel gaúcho foi ouvido por um procurador militar que tentou, sem sucesso, reabrir o caso, em 1999.

O crime
O militar foi morto quando ao chegar em casa em um Citroën C4, na rua Professor Ulisses Cabral. A Polícia Civil abriu inquérito sobre o caso. Krischke garante que a Comissão da Verdade – criada para investigar violações dos direitos humanos no período da ditadura – “está apavorando aqueles que atuaram no período”. Sobre a motivação do crime, sugere que pode ser atribuído “a velhos ‘companheiros’ diante da possibilidade de esse coronel falar qualquer tipo de inconveniência… e pode ser também um simples assalto”.

O atentado
Na noite de 30 de abril de 1981, uma bomba explodiu do lado de fora do Riocentro, na Barra da Tijuca, zona Oeste do Rio de Janeiro, durante um show em comemoração ao Dia do Trabalhador. O sargento Guilherme do Rosário morreu enquando manuseava uma bomba. Com ele estava o capitão Wilson Dias Machado, que ficou ferido. A ideia, segundo opositores do Regime Militar, era provocar uma explosão e atribuir o episódio a “subersivos”.

O Exército nunca confirmou o envolvimento no atentado. Na época, o governo culpou os radicais de esquerda pelo ataque. Cerca de 20 mil pessoas acompanhavam a apresentação de nomes como Elba Ramalho, Ivone Lara, Gonzaguinha, Moraes Moreira e Beth Carvalho.

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