Movimentos sociais repudiam intimação contra cineasta Silvio Tendler

 

 

Informe do dia 17 de dezembro de 2012

Diversas entidades do movimento social estão convocando um ato público de solidariedade ao cineasta Silvio Tendler, a ser realizado nesta quarta-feira, dia 19, às 14h, na porta da 5ªDelegacia Policial, no Centro do Rio. O PT Regional também está chamando a militância partidária para comparecer ao ato, considerando que o que está em jogo é a garantia dos ideais democráticos do Brasil.

Silvio Tendler foi intimado a depor nesta quarta-feira, na 5ª DP, a partir de denúncia apresentada pela diretoria do Clube Militar. Um grupo de militares da reserva prestou queixa contra o cineasta, alegando constrangimento ilegal qualificado a que teria sido submetido, no dia 29 de março passado, em manifestação pública na porta do Clube Militar, no Centro do Rio. Naquele dia, foi realizado um ato de comemoração da passagem do golpe militar de 64, nas dependências do clube. Do lado de fora, centenas de pessoas repudiaram a atitude dos militares. Tendler não compareceu à manifestação porque justamente no dia 29 de março estava em casa acamado,recuperando-se de uma cirurgia de descompressão da medula.

Em carta ao delegado Alcides Alves Pereira, da 5ª DP, responsável pela investigação, Tendler afirma que “infelizmente (estava) impedido de participar de ato público contra uma reunião de sediciosos, os quais, contrariando a determinação da Exma. Sra. Presidenta da República, comemoravam o aniversário da tenebrosa ditadura, que torturou, matou, roubou e desapareceu com opositores do regime. Entre os presentes estava o matador do Grande Herói da Pátria, Capitão Carlos Lamarca, e seu companheiro Zequinha – doentes, esquálidos, sem força, encostados numa árvore. Zequinha e Lamarca foram fuzilados sem dó, nem piedade, quando a lei e a honra determinam colocá-los numa maca e levá-los para um hospital para prestar os primeiros socorros. Essa gente estava lá, não eu. Eles é que devem ser investigados. Eu farei um filme enaltecendo o Capitão Lamarca e seu bravo companheiro Zequinha.Tenha certeza, Delegado, de que, enquanto eu tiver forças, me manifestarei contra o arbítrio e a violência das ditaduras e já que o Sr. está conduzindo o inquérito, procure apurar se o canalha que prendeu, torturou e humilhou minha mãe nas dependências do Doi-Codi participou do “festim diabólico”. Isso sim é Constrangimento Ilegal. E já que se trata de assunto de polícia, aproveite para pedir ao “constrangedor ilegal” que ficou com o relógio da minha mãe – ela entrou com o relógio no Doi-Codi e saiu sem ele –que o devolva. Processe-o por “apropriação indébita, seguida de roubo qualificado (foi à mão bem armada)”.

O cineasta lembra que “tudo o que fiz foi um chamamento pelo you tube convidando as pessoas a se manifestarem contra as comemorações do golpe de 64. Se este general entendesse ou respeitasse a lei, não teria promovido a festa e, tendo algo contra mim, deveria tentar me enquadrar por “delito de opinião”, mas aí, na fotografia, ele ficaria mais feio do que é, não é mesmo?

Por fim, quero manifestar minha solidariedade aos que protestaram contra o “festim diabólico” e foram tratados de forma truculenta, à base de gás de efeito moral, spray de pimenta e choque elétrico – como nos velhos tempos”, revela Tendler, na carta endereçada ao delegado. A 5ª DP fica na Rua Gomes Freire, no Centro.

 

 

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