O pedido de inclusão do caso na pauta da comissão será formalizado na quinta-feira (17) pelo advogado Antônio Campos, irmão do governador Eduardo Campos (PSB) e presidente do Instituto Miguel Arraes. Segundo ele, a família já tinha elementos para encaminhar o caso, mas a publicação no JC, no último sábado (12), de um artigo do cientista político Túlio Velho Barreto, da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), detalhando o caso Ximenes, precipitou a formalização do pedido.
Antônio Campos informou que irá fornecer documentos da família sobre Ximenes anexados ao requerimento. Ex-funcionário do Banco do Brasil e conselheiro político de Arraes, Ximenes era casado com uma prima do ex-governador chamada Ivone.
De acordo com o artigo de Velho Barreto, ele foi submetido a sessões de tortura no Regimento de Obuses, em Olinda, ainda em abril de 1964, ficando com “graves lesões traumáticas”, caso de deslocamento de um rim, duas vértebras quebradas e nervos das mãos afetados.Tudo em decorrência de horas de sessões de pau de arara e choques elétricos.
Ximenes ficou tão debilitado após as sessões de tortura que quando militares levaram-no para o Hospital Geral do Exército quase sem vida, os médicos exigiram um laudo antes dele dar entrada na unidade de saúde para se resguardarem de qualquer responsabilidade de uma eventual morte do paciente. O documento que atesta as sequelas foi assinada pelo médico Lalor Motta.
Túlio Velho Barreto afirma, no artigo, que o caso Ximenes se assemelha ao do padre Henrique, assessor do arcebispo dom Hélder Câmara, assassinado pela repressão em 1969 como tentativa de intimidar o “bispo vermelho”. As investidas contra Ximenes teriam sido uma tentativa de intimidar Arraes.
“De fato, assim como o padre Henrique era um dos mais próximos colaboradores de dom Hélder, é possível dizer o mesmo de Ximenes em relação a Arraes. E como a ditadura não podia atingi-los, diretamente, sequestrou, torturou e matou padre Henrique e quase fez o mesmo a Ximenes”, sustenta ele no artigo.
Fonte – JC Online