CV defende preservar usina onde líder do MST foi morto

Usina Cambahyba foi usada para incinerar corpos de perseguidos políticos, segundo ex-delegado

Em nota oficial, a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva” condena a violenta perseguição a militantes da reforma agrária, lembrando do assassinato de Cícero Guedes dos Santos, ocorrido no fim de semana. Guedes era liderança do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) –  foto de Marcos Pedloswki mostra enterro do líder.

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Coordenador de ocupação do MST na usina Cambahyba é assassinado

Na nota, a CV paulista defende ainda a preservação da usina Cambahyba como espaço de memória dos crimes da ditadura militar – os fornos da usina foram usados para queimar corpos de perseguidos da ditadura, segundo revelou em livro, no ano passado, o ex-delegado Claudio Guerra.

Leia abaixo a íntegra da nota pública.

“Usina usada para incinerar corpos de militantes na ditadura é palco de assassinatos de sem terra

A usina Cambahyuba, localizada no município de Campos de Goytacazes (RJ), onde, durante a ditadura militar (1964-1985) foram incinerados em fornos os corpos de 10 militantes políticos, é palco de novos assassinatos, mas desta vez de militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Na última sexta-feira (21-01), o coordenador da ocupação na usina, Cícero Guedes dos Santos, foi assassinado por pistoleiros, com tiros na cabeça, quando saía da ocupação de bicicleta. Guedes dos Santos é o terceiro líder do MST morto em Campos em menos de dois meses.

Em decisão do juiz federal Dario Ribeiro Machado Júnior, divulgada em junho, a área, que pertencia ao já falecido Heli Ribeiro Gomes, ex-vice governador biônico do Rio, foi considerada improdutiva.

A informação de que militantes mortos nos centros de repressão Doi-Codi e Casa da Morte, no Rio de Janeiro, foram trazidas a público em maio, de acordo com confissão do ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), Cláudio Guerra. A informação consta do livro “Memórias de uma guerra suja”. Segundo Guerra, o forno funcionou a partir de 1973, com assentimento de seu ex-proprietário, o então ex-vice governador do Rio de Janeiro, Heli Ribeiro.

“O complexo de fazendas tem sido palco de todo tipo de violência: exploração de trabalho infantil, exploração de mão de obra escrava, falta de pagamento de indenizações trabalhistas, além de crimes ambientais”, diz nota do MST.

A Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva” condena a violência contra os militantes da reforma agrária e defende a pronta investigação para esclarecer os motivos e punir os responsáveis por esse crime. Além disso, defende que a usina Cambahyba seja preservada como espaço de memória.

 

Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva””

 

Fonte – Caros Amigos

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