Maduro: ‘comissão da verdade’ vai apurar crimes na democracia

O vice-presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou nesta terça-feira a criação de uma “comissão da verdade” para investigar os “crimes e assassinatos” políticos cometidos desde 1958, quando chegou ao fim a ditadura no país com um acordo entre dois partidos, até a chegada ao poder de Hugo Chávez, em 1999. Maduro fez um apelo aos chavistas para que vão às ruas no dia 27 de fevereiro para “instalar a comissão da verdade para que na Venezuela se investiguem todos os crimes e assassinatos cometidos pelo ‘puntofijismo’, pela democracia representativa burguesa, repressora e assassina”.

O termo ‘puntofijismo’ se refere ao ‘pacto de punto fijo’, firmado pelos partidos Copei e Ação Democrática em 1958 para garantir a alternância no poder e, assim, a democracia no país, após o fim da ditadura militar até a primeira eleição de Chávez, em 1998. Maduro, que falou da Assembleia Nacional em rede de rádio e televisão, não deu detalhes sobre a futura composição, mas a justificou “para que haja justiça” e “seja um processo pedagógico de formação das gerações que estão por vir”.

Ao final de 2011, a Assembleia Nacional aprovou uma lei para “sancionar os crimes, desaparecimentos, torturas e outras violações de Direitos Humanos por razões políticas” neste período. Segundo a historiadora Margarita López Maya, a maioria destes episódios se deram nos anos 1960, quando o governo enfrentou a luta armada de grupos esquerdistas. Nos anos seguintes, ocorreram “casos pontuais”.

“É preciso reescrever as páginas da verdade dessa época horrorosa em que a barbárie burguesa investiu contra a humanidade de uma juventude idealista”, defendeu Maduro, a face mais visível do governo na ausência de Chávez, hospitalizado em Cuba desde 10 de dezembro.

O governo Chávez identifica como burgueses os governos que o antecederam e a oposição atual, liderada por Henrique Capriles, do jovem partido social-cristão Primeiro Justiça, que se define como de centro.

 

Fonte – AFP

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