Assassinos de Rubens Paiva podem depor à Comissão

Após divulgar na segunda-feira 4 documentos que comprovam a morte do deputado federal Rubens Paiva, em 1971, nas dependências do DOI-Codi do Rio de Janeiro, a Comissão Nacional da Verdade quer chamar os militares envolvidos no caso para prestar esclarecimentos. “É o casamento entre a prova documental e a testemunhal”, diz Claudio Fonteles, coordenador da Comissão.

Comissão da Verdade chegou à conclusão de que Rubens Paiva foi morto pelo regime ditatorial. Foto: Renato Araújo/ABr

Segundo ele, há elementos para encontrar quem torturou e matou Paiva. Por enquanto, foram identificados vivos dois integrantes da equipe do DOI-Codi envolvida no caso. Um terceiro está morto. Os nomes não foram revelados.

A comissão não tem poder de punição, mas os acusados teriam de comparecer ao chamado para não cometerem crime de desobediência. A convocação, acredita Fonteles, não deve causar mal estar junto ao comando militar. “Eles deixaram muito claro que as pessoas precisam dar satisfação dos seus atos.”

Os documentos que possibilitaram o desfecho do caso estavam no Arquivo Nacional, em Brasília, e também na casa de Júlio Miguel Molina Dias, coronel reformado do Exército morto em novembro último, em Porto Alegre. O militar, de 78 anos, atuou no DOI-Codi depois do desaparecimento do político e tinha uma acervo de materiais da ditadura em sua casa.

Segundo a versão do regime, o deputado fugiu quando era levado para reconhecer um imóvel no Rio. Mas o Informe nº 70 do SNI, de 25 de janeiro de 1971, analisado pela comissão, relata como Paiva foi preso e não menciona a fuga que teria ocorrido três dias antes daquela data.

A análise da comissão foi completada ainda com o depoimento de uma professora presa pelo regime que teria visto o deputado ferido. Já o tenente-médico do Exército Amilcar Lobo afirmou em 1986, à Polícia Federal, ter atendido Paiva no DOI-Codi. Ele tinha sintomas de hemorragia abdominal e teria morrido no dia seguinte.

A filha do deputado, Vera Paiva, pediu na terça-feira 5 o julgamento dos responsáveis. “Gostaria que todos tivessem os mesmos direitos que meu pai e outros não tiveram: o de um julgamento justo, de acordo com a lei.”

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Fonte – Carta Capital

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