Sérgio Cabral já decidiu que os trabalhos serão comandados por Wadih Damous
Depois de um longo debate na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), que aprovou o projeto mais de um ano após ele ser apresentado, deve ser instalada a Comissão da Verdade no Rio. Embora ainda não tenha fixado data para criação, o governador Sérgio Cabral já decidiu que os trabalhos serão comandados pelo ex-presidente da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio (OAB-RJ), Wadih Damous. Ele contará com o auxílio de outros seis integrantes, dos quais cinco nomes estão em fase final de escolha. O grupo dará suporte à Comissão Nacional da Verdade, de quem seguirá o modelo de funcionamento.Ontem, Damous se reuniu com o secretário estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira, para conversar sobre os nomes que integrarão a comissão. A pasta será a responsável por auxiliar os trabalhos do grupo. O ex-presidente da OAB-RJ disse que ainda não foram estabelecidas as prioridades de casos a serem apurados porque esta será uma decisão tomada somente após a formalização da escolha dos integrantes:
– Mas, na minha opinião, há casos emblemáticos, como a bomba no Rio Centro, a bomba na OAB, os da Casa da Morte, em Petrópolis, etc. Embora já seja um caso tratado na Comissão Nacional, queremos atuar juntos também na questão do ex-deputado Rubens Paiva. Eu considero esses exemplos como temas que a futura comissão poderia tratar.
Um dos nomes já confirmados é o de Marcelo Cerqueira, advogado de ex-presos políticos e ex-presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB). Ele aceitou ontem o convite. Cerqueira preferiu não falar sobre os casos que poderiam ser prioritários:
– Tem que verificar a pauta que o presidente vai propor. Eu não tenho como antecipar. Numa comissão dessa, há uma dinâmica. O que eu imagino é que o grupo Tortura Nunca Mais e os familiares, por exemplo, vão dar elementos para a comissão, que certamente vai receber informações.
A instalação da comissão no Rio acontece depois da criação de grupos em outros estados, como São Paulo e Pernambuco. Os trabalhos durarão dois anos. A previsão é que a comissão funcione no prédio do Arquivo Público do Estado do Rio, em Botafogo, na Zona Sul do Rio. A forma de apuração dos casos será definida somente em uma reunião com todos os integrantes, mas a parceria com a Comissão Nacional da Verdade já está certa:
– Vamos subsidiar a Comissão Nacional, não vamos nos sobrepor, vamos complementá-la – disse Damous.
Conforme adiantou o colunista Ancelmo Gois ontem no GLOBO, o governador vai instalar a comissão numa cerimônia no antigo prédio do Dops, na Rua da Relação, no Centro do Rio. Durante o evento, haverá um desfile com a coleção que a estilista Zuzu Angel criou para protestar contra a ditadura e que foi exibido em Nova York na década de 1970. Zuzu era mãe do ex-militante do MR-8 Stuart Angel Jones, morto em 1971 após ter sido preso nas dependências da Aeronáutica, no Rio.
Fonte – O Globo