Grupo aprofunda investigações sobre 475 vítimas da ditadura.
Por causa da Lei de Anistia, ninguém será punido pelo que fez.
A Comissão Nacional da Verdade concluiu que pelo menos 50 mil pessoas foram presas pelo regime militar no ano do golpe de 1964.
Em nove meses de trabalho, a Comissão da Verdade mapeou fatos e contextos, e chegou a nomes de agentes da ditadura militar. “Aqueles que estão vivos, nós temos várias dúzias, não são duas ou três, de pessoas identificadas com nome, endereço, RG. A gente está fazendo um esquema para pegar e ouvir todos eles. Convocar todos eles para serem ouvidos”, diz Guaracy Mingardi, membro da Comissão Nacional da Verdade,
Por causa da Lei de Anistia, ninguém será punido pelo que fez em nome do regime, mas os agentes identificados que se recusarem a prestar depoimento podem ser processados por desobediência.
Segundo a Comissão da Verdade, 50 mil pessoas foram detidas só no ano do golpe, 1964. Desse total, 600 ficaram em navios e estádios de futebol. Entre os presos, estiveram sargentos e sindicalistas.
A Comissão da Verdade está aprofundando as investigações sobre 475 vítimas da ditadura. Os integrantes já receberam os arquivos da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, ligada à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Segundo Rosa Maria Cardoso, que foi advogada de Dilma Rousseff durante a ditadura e faz parte da Comissão da Verdade, é preciso revelar esse trecho da história do Brasil. “Nós estamos em busca de questões que não estejam reveladas, que houve outras mortes que não são aquelas já conhecidas”, diz.