A Comissão da Verdade do Estado de São Paulo, que investiga possíveis relações entre o consulado americano e os serviços de repressão política, no período da ditadura militar brasileira (1964-1985), quer que o Itamaraty peça ao governo dos Estados Unidos informações sobre Claris Halliwell.
Designado para atuar como representante diplomático no Brasil, ele atuava como adido no Consulado-Geral de São Paulo e visitava com frequência a sede do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) – um dos principais centros de repressão do país durante toda a primeira metade da década de 1970.
Para Ivan Seixas, ex-preso político e assessor da comissão estadual, é preciso investigar a possibilidade de Halliwell ter prestado assessoria ao Dops, como integrante dos serviços de inteligência dos EUA.
O deputado estadual Adriano Diogo(PT), que preside a Comissão de São Paulo, deve apresentar nesta segunda (25) à Comissão Nacional da Verdade, em Brasília, um pedido formal para que o Itamaraty seja acionado. A solicitação ocorrerá durante uma reunião entre representantes de comissões estaduais, municipais e setoriais, de todo o País, com os integrantes da Comissão Nacional.
“Não podemos fazer isso diretamente, porque se trata de uma questão entre Estados”, diz Diogo. “A Comissão Nacional tem poderes para solicitar a colaboração do Itamaraty.”
O nome de Halliwell começou a fazer parte das investigações em São Paulo após a descoberta de uma série de livros com anotações sobre quem visitava os diretores e principais delegados do Dops de São Paulo entre 1971 e 1979. De acordo com os registros, ele ia frequentemente ao Dops, no Largo General Osório, no centro antigo da cidade.
A reunião em Brasília foi convocada com o intuito de discutir melhorias nas relações entre a Comissão Nacional e as dos estados. Também devem ser discutidos prazos de conclusão dos trabalhos.
Fonte – Estadão