Para atender a empreiteira, a ditadura militar determinou “medidas de exceção”, segundo revelam documentos arquivados no Comando da Aeronáutica e liberados à reportagem por meio da Lei de Acesso à Informação.
No domingo, a Folha revelou que os ministérios mantêm milhares de outros documentos produzidos durante o regime militar longe do alcance do público. O governo decidiu que irá liberá-los.
Em ofício enviado à Aeronáutica, a Odebrecht alegou que um aumento inesperado nos materiais havia ultrapassado “os custos iniciais admitidos no contrato” e propôs um reajuste de aproximadamente R$ 146 milhões, em valores atualizados pelo IGP-DI.
O então ministro da Aeronáutica, Joelmir Campos de Araripe Macedo (1909-1993), acionou o ministro do Planejamento e Coordenação Geral, João Paulo dos Reis Velloso, para que resolvesse o caso.
O ministro deu ênfase à conclusão de uma consultora da comissão contratante da obra, a Hidroservice, segundo a qual a Odebrecht estava enfrentando “um autêntico desequilíbrio financeiro do contrato”. Segundo o estudo, o problema no preço contava com “elementos imprevisíveis para os quais não contribuiu o empreiteiro”.
O ministro da Aeronáutica pediu a “adequada solução” do problema –os documentos não esclarecem que fim levou o assunto.
Outros documentos arquivados no Comando da Aeronáutica, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, afirmam que a Força Aérea registrava no início de 1974 um “baixo rendimento em, praticamente, todos os setores de atividades”.
“O ministro está ciente e preocupado com a situação do próprio Estado-Maior da Aeronáutica que, além dos fatores citados, sofre ainda as limitações impostas pelo grave problema habitacional da capital do país”, informou um aviso reservado assinado pelo ministro Joelmir Araripe Macedo.
Fonte – Boa Informação