O padre italiano Renzo Rossi, que teve forte atuação ajudando presos políticos brasileiros de esquerda durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985), morreu nesta segunda-feira, 25, às 2 horas (horário de Brasília), em Florença, na Itália. O religioso faleceu aos 87 anos em consequência de um câncer de pâncreas. Padre Renzo morou na Bahia entre 1965 e 1997, quando deixou o Brasil por motivo de doença e retornou para o país natal.
Durante a ditadura, padre Renzo visitou 14 presídios de todo o país, apoiando os presos políticos e levando informações sobre eles para suas famílias. “O destaque da vida dele é a solidariedade que ele emprestou aos prisioneiros do país no período da ditadura. Um padre que ía as cadeias naquele momento tinha os olhos repressivos da ditadura em cima dele. Ele efetivamente corria riscos. Levava documentos escritos pelos prisioneiros para fora das cadeias”, contou o jornalista e escritor Emiliano José, autor de uma biografia sobre o padre chamada As asas invisíveis do padre Renzo.
De acordo com Emiliano José, o religioso ajudou na fuga de Theodomiro Romeiro dos Santos, o primeiro prisioneiro que chegou a ser condenado a morte pela ditadura no Brasil. Padre Renzo deu US$ 10 mil para Theodomiro escapar da Penitenciária Lemos Brito, em 1979.
“Ele nunca foi às prisões no sentido de converter as pessoas. A maioria (dos presos) não eram cristãos, mesmo assim ele nunca chegou com a pretensão de converter ninguém. Ao contrário, ele dizia que essas pessoas com outra visão de mundo o ensinaram a compreender a diversidade”, conta Emiliano José, que dirige um documentário sobre a trajetória do padre Renzo durante o regime militar brasileiro.
Fonte – Portal A Tarde