Comissão da Verdade deve reconstituir crimes da ditadura militar

A Comissão da Verdade vai reconstituir ao menos oito mortes de opositores da ditadura militar (1964-1985) para tentar desmontar versões de suicídio ou resistência armada divulgadas à época.

De acordo com matéria divulgada neste sábado (6), sem citar fontes, o objetivo é testar as explicações contidas nos laudos produzidos pelo regime com técnicas periciais atuais, que serão operadas por especialistas contratados pela comissão -grupo responsável por, até maio do ano que vem, investigar e narrar todas as violações aos direitos humanos cometidas na ditadura.

Após o trabalho dos peritos, a Comissão poderá pedir à Justiça a retificação das certidões de óbito, o que foi feito para João Batista Drummond e Vladimir Herzog.

Um dos casos a ser reconstituído deve ser o de Arnaldo Cardoso Rocha, da Ação Libertadora Nacional (ALN), morto em 1973.

Segundo a versão oficial, Arnaldo teria reagido a tiros contra voz de prisão dada por policiais e sido morto na Penha, em São Paulo.

Mas, na década de 1980, uma criança que morava na rua contrariou essa versão e disse que o viu cair ao ser perseguido e depois ser levado em um carro verde. O laudo necroscópico indica que ele recebeu sete tiros.

Três foram na perna direita, que provavelmente o fizeram cair na perseguição; outro foi disparado próximo ao supercílio direito; e um outro “causou diversas fraturas na mão direita, característica de lesão de defesa, quando o atirador está perto e a mão é levantada buscando proteção”, descreve o livro “Direito à Memória e à Verdade”, editado pelo governo federal em 2007.

 

JK

Além dos casos de suicídio e de resistência, uma outra investigação em andamento pretende tirar dúvidas relativas à morte de Juscelino Kubitschek em agosto de 1976.

Segundo a versão da época, o Opala em que estava o ex-presidente foi atingido por um ônibus e colidiu com uma carreta na rodovia Dutra.

Surgiram suspeitas de que a morte foi fruto de um atentado -o motorista de JK teria sido alvejado enquanto dirigia, causando o acidente.

Em novembro, Claudio Fonteles, integrante da Comissão, já havia divulgado texto afirmando que Carlos Marighella (1911-1969) foi morto sem esboçar reação ou tentar pegar sua arma, contrariando a versão oficial.

 

 

Fonte – Folha de S. Paulo

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