A Comissão da Verdade do Município de Santos Prefeito Esmeraldo Tarquínio assinou, na última quarta-feira (27), o Termo de Cooperação com a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo e com a Comissão Nacional da Verdade. O evento aconteceu na Câmara Municipal, e foi aberto ao público, contando com a presença de diversas autoridades e representantes da sociedade civil, dando continuidade à campanha de apoio à busca pela verdade.
O vereador Evaldo Stanislau, presidente da Comissão, enfatizou que o resultado dos trabalhos de investigação servirá para que todos possam conhecer a história, além de conscientizar a geração mais jovem do que aconteceu. “Aqui está enterrado o [Eduardo Leite] Bacuri, daqui veio o Rubens Paiva, aqui tem o desaparecido político, jornalista [Luiz Eduardo] Merlino”, lembrou o deputado Adriano Diogo, presidente da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”.
Para Adriano, a Comissão da Verdade de Santos tem grande importância, pelo grande número de pessoas atingidas na região, principalmente na primeira fase do Golpe. O vereador Carlos Teixeira Filho, relator da Comissão, contou que em Santos houve grande número de prisões e disse ser de extrema importância buscar a verdade, saber sobre pessoas que foram arrancadas das suas residências ou dos seus sindicatos porque resistiram ao Golpe.
Adriano Diogo lembrou ainda sobre o acordo para o fim da Ditadura, o qual pressupôs que as principais forças da resistência ficassem de fora e isso gerou uma democracia que ninguém entende, nem aceita. “Enquanto os torturadores estiverem soltos, impunes, não declarados, não haverá democracia. Se não houver um movimento nacional das Comissões da Verdade, aqueles que deram o Golpe e seus descendentes, como os assassinos das ‘Mães de Maio’, continuarão mandando no Brasil”, destacou.
A advogada Rosa Cardoso, membro da Comissão Nacional, afirmou que muitas coisas precisam ser elucidadas. “Tivemos no país um regime que se implantou através de um golpe, que se impôs a um sistema constitucional, de uma forma criminosa, onde foram praticados crimes desde o início. Nós tivemos a prática de um conjunto de crimes de lesa-humanidade, como todos sabemos, nós temos de recordar”, disse.
Levantamento da violência
No Brasil houve a imposição da censura, do medo, do silencio a toda nação. Houve crimes praticados contra os trabalhadores, lhes tiravam as condições de sobrevivência. “Cada lugar do Brasil, tem as suas questões mais específicas a recordar, Santos é uma cidade muito especial, que lembra muito o sentido do Golpe, porque, como em Niterói, aqui foi uma cidade que sofreu uma violência muito grande”, recordou Rosa Cardoso.
A vereadora Fernanda Vannucci, membro da Comissão, disse que será importante levantar os crimes cometidos contra mulheres. Lembrou a coragem de Pagu [Patrícia Rehder Galvão], que participou da organização de greves no Porto de Santos, e Bete Mendes, nascida em Santos, ao se posicionaram contra o regime. “Vamos enfrentar histórias muito cruéis, temos que estar preparados para ouvir todos esses depoimentos fortes o bastante para trazer a verdade”, afirmou.
Prisões em navios
Devido ao número de prisões em Santos, os cárceres e as delegacias não puderam abrigar os presos. “As prisões foram feitas naquele momento, em navios, e não foi somente o Raul Soares, mas outros navios também aqui em Santos. Estudamos isso para ter uma ideia melhor do Golpe, porque sempre se diz que os anos efetivos de chumbo começaram em 1968, mas não é bem assim”, explicou Rosa.
Evaldo Stanislau comentou a importância de refletir como já vem sendo feito os trabalhos da Comissão da Verdade. Rosa Cardoso falou sobre as divisões feitas por tema e área entre os membros e assessores da Comissão Nacional da Verdade. “Houve uma violência extrema aos trabalhadores, sindicalistas e portuários dessa cidade. É importante reconstituir tudo isso para que nós possamos construir um regime efetivamente democrático”, destacou.
Relatório
A produção do relatório final já conta com a colaboração de diversas Comissões. “Eu convoco essa Comissão para nos oferecer o resultado do seu trabalho investigativo. Depoimentos que vocês possam colher aqui e ter uma verdade mais sentida, mais vivida, efetivamente”, solicitou Rosa Cardoso.
Esmeraldo Tarquínio
A Comissão da Verdade do Município de Santos recebeu o nome de Esmeraldo Tarquínio, político que tinha sido eleito prefeito da cidade em 1968, mas não assumiu porque o regime militar cassou seu mandato antes da posse. Na Câmara dos Vereadores foi criada através de projeto de resolução. Primeiro pela resolução nº 70/2012 e formalizada com resolução nº 2/2013.
Sete vereadores fazem parte da Comissão: o presidente Evaldo Stanislau (PT), o relator Carlos Teixeira Filho (PSDB) e demais membros Douglas Gonçalves (DEM), Igor Martins de Melo (PSB), Antonio Carlos Banha Joaquim (PMDB), Fernanda Vannucci Brugger Capodicasa (PPS) e José Teixeira (PRP).
Thaís Barreto é jornalista, assessora na Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”, A Comissão da Verdade do Município de Santos Prefeito Esmeraldo Tarquínio assinou, na última quarta-feira (27), o Termo de Cooperação com a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo e com a Comissão Nacional da Verdade. O evento aconteceu na Câmara Municipal, e foi aberto ao público, contando com a presença de diversas autoridades e representantes da sociedade civil, dando continuidade à campanha de apoio à busca pela verdade.
O vereador Evaldo Stanislau, presidente da Comissão, enfatizou que o resultado dos trabalhos de investigação servirá para que todos possam conhecer a história, além de conscientizar a geração mais jovem do que aconteceu. “Aqui está enterrado o [Eduardo Leite] Bacuri, daqui veio o Rubens Paiva, aqui tem o desaparecido político, jornalista [Luiz Eduardo] Merlino”, lembrou o deputado Adriano Diogo, presidente da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”.
Para Adriano, a Comissão da Verdade de Santos tem grande importância, pelo grande número de pessoas atingidas na região, principalmente na primeira fase do Golpe. O vereador Carlos Teixeira Filho, relator da Comissão, contou que em Santos houve grande número de prisões e disse ser de extrema importância buscar a verdade, saber sobre pessoas que foram arrancadas das suas residências ou dos seus sindicatos porque resistiram ao Golpe.
Adriano Diogo lembrou ainda sobre o acordo para o fim da Ditadura, o qual pressupôs que as principais forças da resistência ficassem de fora e isso gerou uma democracia que ninguém entende, nem aceita. “Enquanto os torturadores estiverem soltos, impunes, não declarados, não haverá democracia. Se não houver um movimento nacional das Comissões da Verdade, aqueles que deram o Golpe e seus descendentes, como os assassinos das ‘Mães de Maio’, continuarão mandando no Brasil”, destacou.
A advogada Rosa Cardoso, membro da Comissão Nacional, afirmou que muitas coisas precisam ser elucidadas. “Tivemos no país um regime que se implantou através de um golpe, que se impôs a um sistema constitucional, de uma forma criminosa, onde foram praticados crimes desde o início. Nós tivemos a prática de um conjunto de crimes de lesa-humanidade, como todos sabemos, nós temos de recordar”, disse.
Levantamento da violência
No Brasil houve a imposição da censura, do medo, do silencio a toda nação. Houve crimes praticados contra os trabalhadores, lhes tiravam as condições de sobrevivência. “Cada lugar do Brasil, tem as suas questões mais específicas a recordar, Santos é uma cidade muito especial, que lembra muito o sentido do Golpe, porque, como em Niterói, aqui foi uma cidade que sofreu uma violência muito grande”, recordou Rosa Cardoso.
A vereadora Fernanda Vannucci, membro da Comissão, disse que será importante levantar os crimes cometidos contra mulheres. Lembrou a coragem de Pagu [Patrícia Rehder Galvão], que participou da organização de greves no Porto de Santos, e Bete Mendes, nascida em Santos, ao se posicionaram contra o regime. “Vamos enfrentar histórias muito cruéis, temos que estar preparados para ouvir todos esses depoimentos fortes o bastante para trazer a verdade”, afirmou.
Prisões em navios
Devido ao número de prisões em Santos, os cárceres e as delegacias não puderam abrigar os presos. “As prisões foram feitas naquele momento, em navios, e não foi somente o Raul Soares, mas outros navios também aqui em Santos. Estudamos isso para ter uma ideia melhor do Golpe, porque sempre se diz que os anos efetivos de chumbo começaram em 1968, mas não é bem assim”, explicou Rosa.
Evaldo Stanislau comentou a importância de refletir como já vem sendo feito os trabalhos da Comissão da Verdade. Rosa Cardoso falou sobre as divisões feitas por tema e área entre os membros e assessores da Comissão Nacional da Verdade. “Houve uma violência extrema aos trabalhadores, sindicalistas e portuários dessa cidade. É importante reconstituir tudo isso para que nós possamos construir um regime efetivamente democrático”, destacou.
Relatório
A produção do relatório final já conta com a colaboração de diversas Comissões. “Eu convoco essa Comissão para nos oferecer o resultado do seu trabalho investigativo. Depoimentos que vocês possam colher aqui e ter uma verdade mais sentida, mais vivida, efetivamente”, solicitou Rosa Cardoso.
Esmeraldo Tarquínio
A Comissão da Verdade do Município de Santos recebeu o nome de Esmeraldo Tarquínio, político que tinha sido eleito prefeito da cidade em 1968, mas não assumiu porque o regime militar cassou seu mandato antes da posse. Na Câmara dos Vereadores foi criada através de projeto de resolução. Primeiro pela resolução nº 70/2012 e formalizada com resolução nº 2/2013.
Sete vereadores fazem parte da Comissão: o presidente Evaldo Stanislau (PT), o relator Carlos Teixeira Filho (PSDB) e demais membros Douglas Gonçalves (DEM), Igor Martins de Melo (PSB), Antonio Carlos Banha Joaquim (PMDB), Fernanda Vannucci Brugger Capodicasa (PPS) e José Teixeira (PRP).
Fonte – Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”