Jornalista Dermi Azevedo lança livro sobre ditadura sábado em São Paulo

Ex-preso político teve filho bebê torturado nas dependências do Dops em 1974; Carlos Azevedo se suicidou em fevereiro

O jornalista e ex-preso político Dermi Azevedo lança neste sábado (13), a partir das  14h, no Memorial da Resistência de São Paulo – antiga sede do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) paulista – o livroTravessias Torturadas: Direitos Humanos e Ditadura no Brasil, segundo volume da Coleção Memória das Lutas Populares, publicada pelo centro de Direitos Humanos e Memória Popular (CDHMP).

Em entrevista à Rádio Brasil Atual, Dermi falou sobre a necessidade que sentiu de não deixar passar em branco os acontecimentos do período de 1964 e 1985. Ao mesmo tempo em que é um registro político também é autobiográfico e traz informações inéditas sobre a repressão do regime militar.

A militância de Dermi começou no movimento estudantil do Rio Grande do Norte e sua primeira prisão foi durante o 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Ibiúna, no ano de 1968.

“Ficamos no Presídio Tiradentes, era tanta gente para um espaço tão reduzido que tínhamos que nos revesar para poder dormir. Um grupo ficava em pé durante uma hora enquanto o outro dormia. Foi lá que conheci o Frei Beto, o Frei Tito, tantos companheiros que depois assumiriam seu papel na história contemporânea do Brasil”.

Dermi e seu filho de apenas um ano e oito meses, Carlos Alexandre Azevedo, sofreram torturas em 1974, no Departamento de Ordem e Política e Social (Dops) de São Paulo. Em fevereiro deste ano, Carlos se suicidou. Ele sofria de um transtorno chamado de fobia social, consequência das torturas. Em entrevista à revista IstoÉ Gente, em 2010, Carlos relatou que tomava antidepressivos e antipsicóticos. “Para mim a ditadura não acabou”, disse.

Dermi foi um dos fundadores do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), foi presidente da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Natal, presidiu a Cooperativa dos Jornalistas de Natal e foi um dos representantes brasileiros na II Conferência Mundial de Direitos Humanos, realizada, pela Organização das Nações Unidas, em 1993, em Viena, Áustria. Atualmente, reside em Belém do Pará.

Ouça aqui a entrevista de Dermi Azevedo à repórter Marilu Cabañas.

 

Fonte – Rede Brasil Atual

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *