Ex-governador, ex-deputado estadual e ex-vereador, José Maria Marin usou sua carreira política na ditadura para influenciar em entidades esportivas, como a Federação Paulista de Futebol e a própria confederação. Como presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador Local (COL), retomou sua carreira política com novos aliados.
De acordo com informações da imprensa há mais de 100 papéis relacionados ao dirigente nos arquivos do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), do Sistema Nacional de Informação (SNI), órgãos que reuniam as investigações do regime, e na Assembleia Legislativa. Neste sábado (13), publica a terceira e última matéria da série de reportagens sobre a atuação dele como político nos anos de chumbo.
As posições de Marin sobre o futebol estão registradas em discursos na Assembleia Legislativa: mostram que já tinha o objetivo de influenciar nas entidades do esporte. Quando teve poder como governador, usou de fato sua força para obter cargo na esfera esportiva.
Em 1973, Marin fez críticas diretas a João Havelange, presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), antecessora da CBF. Insinuou que ele utilizava Pelé para tentar se eleger à presidência da Fifa.
“Até hoje o povo brasileiro não compreende os motivos reais do afastamento do consagrado Edson Arantes do Nascimento, e o que há entre o nosso Rei Pelé e o presidente João Havelange. Já existem comentários de que tudo se resume no interesse pessoal do senhor João Havelange de assumir a presidência da Fifa, utilizando-se ele do prestígio do consagrado Edson Arantes Nascimento”, atacou Marin.
Em junho de 1974, as críticas foram dirigidas ao então técnico da seleção brasileira Zagallo, na preparação do time para a Copa da Alemanha, em 1974. “Temos certeza absoluta de que a dedicação e, principalmente, o patriotismo dos nossos craques superarão a já conhecia teimosia e o personalismo condenável do técnico Zagallo”, analisou. Alegava que o treinador impunha uma forma de jogar muito rígida para os atletas, que perdiam, assim, o jeito brasileiro de atuar.
Mais tarde, quando Havelange foi eleito presidente da Fifa, o político mudou de discurso e passou a elogiá-lo. Para ele, o Brasil não seria prejudicado na arbitragem pos sua eleição. A partir daí, queria um paulista à frente da CBD.
“É nossa modesta opinião (…) que o homem mais indicado para ocupar esse cargo (…) presidente da CDB é o atual presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol), José Ermínio de Moraes Filho”, discursou em junho de 74. Pregou que a imprensa e homens do futebol deveriam lançar sua candidatura.
Nas palavras de Marin, há um forte bairrismo em favor do futebol de São Paulo, com críticas aos cariocas. Esse sentimento o levou a rejeitar uma espécie de Timemania que era articulada em 1977.
Fonte – UOL