Uma exposição multimídia vai percorrer o País expondo mais de 2 mil imagens e relatos de perseguição promovidas durante as ditaduras militares da América Latina para provocar a curiosidade das gerações mais jovens. A mostra Onde a Esperança se Refugiou foi organizada a partir de uma pesquisa foi feita pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH).
Panfleto que era distribuído pela polícia em 1968 com o rosto de procurados pela ditadura. Foto: Arquivo exposição Onde a Esperança se Refugiou / Divulgação“O objetivo é mostrar de forma cativante o que aconteceu, nosso missão é provocar a curiosidade nos jovens de procurar mais, de que tenha esse caráter provocador, para que as pessoas pesquisem, busquem outras fontes”, afirma o presidente do MJDH, Jair Krischke.
A exposição abrirá as portas a partir desta quinta-feira das 18h, na Usina do Gasômetro, em Porto Alegre, onde ficará até o dia 5 de maio, com entrada franca. Em julho, a mostra será instalada no Arquivo Público de São Paulo, e depois segue para Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Recife. Além disso, também serão exibidos 11 filmes que retratam a ditadura no País, incluindo a pré-estreia de Dossiê Jango, que ainda não foi exibido no circuito comercial.
Imagem de um comício realizado na Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Foto: Arquivo exposição Onde a Esperança se Refugiou / Divulgação
Foram quase 18 meses de trabalho de pesquisa que seria transformado em um livro, mas o apelo e alcance de uma exposição multimídia acabaram por mudar os rumos do trabalho. As pesquisas que passaram pelo Arquivo Público de São Paulo e em vários arquivos argentinos, que forneceram material relacionado a toda América Latina. “A partir de então começamos a pensar em uma exposição multimídia porque é algo vivo, disponível, que as pessoas usam no dia a dia”, explica Krischke, dizendo que a mostra perpassa por toda a história das ditaduras latinas.
A exposição foi divida em cinco eixos: Contexto Político Latino, Ditadura Militar no Brasil, O Movimento Justiça de Direitos Humanos, O Processo de Transição Política no Cone Sul – Anistia/Redemocratização e Políticas da Memória. “Nós começamos contextualizando o que aconteceu, porque não foi em uma bela manhã que os generais resolveram instaurar uma ditadura no País, havia um contexto internacional, a guerra fria, mostramos como isso foi contaminando a região, a importância que o Brasil teve nos golpes ocorridos na América Latina, em seguida como se organizou a resistência, as redes de solidariedade para salvar vidas, a história do movimento (MJDH)”, explica o ativista, dizendo que cerca de 3 mil pessoas foram refugiadas naquele período.
Ele conta que ainda se emociona com os relatos de sofrimento e esfacelamento de famílias na ditadura, e lembra o caso de um cidadão uruguaio que foi auxiliado pelo MJDH para fugir para a Suécia com a mulher grávida. O feto, hoje com 33 anos, o procurou para tentar compreender o que aconteceu com seus pais, uma vez que o progenitor cometeu suicídio cinco anos depois no exílio.
“Chorei, barbado e velho chorei… esse é o mal que essas ditaduras produziram, a aniquilação de famílias“, finaliza.
Serviço:
O que: Exposição Movimento de Justiça e Direitos Humanos – Onde a Esperança se Refugiou
Quando: De 26 de abril a 5 de maio, com abertura em 25 de abril, às 18h
Horário de visitação: segundas a sextas-feiras, das 14h às 19h; sábados, domingos e feriados das 9h às 19h
Onde: Centro Cultural Usina do Gasômetro (Av. Presidente João Goulart, 551, Centro, Porto Alegre). Entrada franca
Fonte – Terra