Corpo de Jango será exumado para saber se ele foi assassinado

Familiares desconfiam que ex-presidente, deposto pelo golpe de 1964, foi envenenado pela Operação Condor, ação conjunta de repressão realizada pelas ditaduras sul-americanas

A Comissão Nacional da Verdade decidiu exumar, com autorização da família, o corpo do ex-presidente João Goulart -morto em 1976 durante exílio na Argentina. O processo de exumação será feito com o auxílio do Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul, já que Goulart está enterrado no cemitério de São Borja, município do Estado.

No dia 18 de março, em audiência da Comissão em Porto Alegre, a família do ex-presidente entregou petição requerendo a exumação dos restos mortais com o objetivo de apurar se ele foi envenenado, denuncia feita por Mário Neira Barreiro, ex-agente do serviço de inteligência uruguaio, preso no Brasil.

Na audiência, Rosa Cardoso, integrante da Comissão da Verdade, afirmou que a petição dos Goulart possui “elementos concludentes” de que ele foi vítima da Operação Condor (ação conjunta das ditaduras da América do Sul). O documento é assinado, entre outros familiares, pelo neto dele, Christopher Goulart.

O ex-presidente foi deposto em 1964 pelos militares, que iniciaram naquele ano ditadura de 21 anos no Brasil.

 

Suspeitas

A decisão de exumar o corpo foi tomada durante reunião da comissão ocorrida em Brasília, no dia 24 de abril. O objetivo é esclarecer se a causa da morte – o ex-presidente morreu no dia 6 de dezembro de 1976 em Mercedes, cidade do Norte da Argentina – foi ataque cardíaco, conforme divulgaram na ocasião as autoridades do regime militar, ou outro fator, como por exemplo envenenamento. Esta segunda hipótese poderia ter ocorrido, segundo algumas fontes, com a substituição de medicamentos rotineiros de Goulart, que teria sido feita por agentes da repressão uruguaia. É o que supõem pessoas da família e amigos próximos do ex-presidente naquele período. Goulart foi sepultado em São Borja (RS), sua terra natal.

A procuradora admite que há forte possibilidade de que a exumação, feita tantos anos depois da morte de Goulart, seja inconclusiva, mas acredita que com as técnicas e reagentes hoje disponíveis a possibilidade de um bom resultado é maior. “Havendo essa hipótese, vamos apostar nela”, disse.

“Indícios (de envenenamento) existem muitos”, admitiu Christopher Goulart. “(A exumação) produziria a prova material para comprovar ou não a causa da morte e poderia corrigir a história oficial informando que um presidente da República morreu assassinado”. (das agências)

 

ENTENDA A NOTÍCIA

Presidente de orientação trabalhista, herdeiro de Getúlio Vargas, promoveu polêmicas reformas sociais. Considerado hesitante pela esquerda, era visto como comunista pela direita.

 

 

Fonte – Comissão da Verdade – Telefone: (61) 3313 7314

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