Comissão da Verdade entrega documentos sobre Fernando Santa Cruz e Eduardo Collier

A Comissão da Memória e Verdade de Pernambuco Dom Helder Camara apresentou na manhã desta terça-feira (21), na sede na da Secretaria Executiva de Justiça e Direitos Humanos, novos documentos sobre os estudantes Eduardo Collier e Fernando Santa Cruz, desaparecidos em 1974 após terem sido presos por agentes da ditadura militar. De acordo com os relatores da investigação, as duas vítimas não cometeram crime comum e nem sumiram em fuga como apontam as investigações conduzidas pelos militares. A comissão informou estar em poder de um acervo de documentos que comprovam que eles foram vítimas da repressão do regime militar.

Na reunião, foram entregues documentos aos familiares das vítimas – a prima de Eduardo Collier, Virgínia Collier, e o irmão de Fernando Santa Cruz, Marcelo Santa Cruz. Eles revelam que o regime militar realizou um mapeamento das relações sociais das duas vítimas, com dados sobre familiares, amigos, “amantes” (que seriam as mulheres deles) e endereços dos mesmos. Segundo relator da comissão responsável pelas investigações, Manoel Moraes, as vítimas não cometeram crime algum na época da ditadura. “A ditadura criou uma falsa história e divulgou que Eduardo e Fernando teriam cometido crimes e fugido e que não é verdade. Tivemos acesso a documentos, através dos órgãos internos do governo, que mostram esse mapeamento do regime”. Ainda de acordo com Manoel, a comissão vai digitalizar o acervo e arquivar na memória da democracia para servir de material de estudo para pesquisadores e estudantes.

 

Virgínia Collier ressaltou a importância do trabalho

da Comissão da Verdade. “Estamos dispostos a ajudar no que for preciso para desvendar o que aconteceu com nossos familiares. Temos o direito de saber o que foi feito com eles. O trabalho da comissão nos conforta e estamos esperançosos em relação ao resultado das investigações”, afirmou.

Segundo Nadja Brayner, coordenadora da comissão, as investigações estão avançando em ritmo acelerado. “Não estamos trabalhando só nesses dois casos, mas em outros que precisam ser investigados em conjunto com a relatoria. Não temos dúvidas de que o governo determinou uma onda de extermínio para anular os que se posicionavam contra o regime militar. Com a ajuda dos órgãos e familiares das vítimas, temos como objetivo divulgar o que realmente aconteceu com os dois jovens e solucionar outros crimes da ditadura”.

 

Fonte – Diário de Pernambuco

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