Segundo Comissão da Verdade, mortos podem ter sido assassinados. Grupo de peritos usa novas tecnologias para analisar as causas das mortes.
A Comissão Nacional da Verdade, que investiga violações aos direitos humanos cometidas no país entre 1946 e 1988, analisa 44 mortes registradas como suicídio no período da ditadura militar mas que, segundo a comissão, podem ter sido causadas pela repressão do Estado.Segundo a Comissão da Verdade, laudos necroscópicos e outros registros, como fotografias do corpo de vítima, por exemplo, apontam “inconsistências” que indicam que as versões dos governos do período militar para as mortes podem ser falsas.
Ainda de acordo com a comissão, a lista com os 44 casos foi preparada por peritos e especialistas que trabalham para o órgão. Dos 44 registros, 18 possuem laudos com fotografia do corpo, do lugar da morte ou dos dois itens.
Todas as provas à disposição serão usadas com novas tecnologias à disposição dos peritos, informou a assessoria da comissão.
Um dos casos que analisados é o de Luiz Eurico Tejera Lisboa, morto em São Paulo em 1972 e enterrado sob o nome falso de Nelson Bueno no cemitério de Perus, de acordo com a comissão.
O corpo foi encontrado com um tiro na cabeça no bairro da Liberdade. Na época, o laudo cadavérico e exames indicaram na época que foi um suicídio.
Mas peritos que colaboram com a Comissão da Verdade estudaram os documentos disponíveis sobre o caso e encontraram “inconsistências” nos laudos produzidos pelo regime militar.
Na interpretação de membros da comissão, esses elementos indicam que Tejera foi assassinado.
“Eurico Tejera foi ‘suicidado’. Mataram ele. Ele não se suicidou coisa nenhuma”, afirmou Claudio Fonteles, segundo o site da CNV. Ao lado do ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, Fonteles, ex-procurador-geral da República, coordena o GT Graves Violações de Direitos Humanos, da comissão.
Fonte – G1