Peritos que auxiliam a CNV também apuram morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek
A Comissão Nacional da Verdade tem uma lista de 44 casos de supostos suicídios, ou de opositores assassinados pela ditadura que tiveram o suicídio como versão oficial. “Dos 44 casos de ‘suicidados’, 18 possuem laudos necroscópicos com fotografia do corpo e/ou do local. Todos esses 18 casos serão periciados à luz de novas tecnologias”, diz a CNV.
“Eurico Tejera foi ‘suicidado'”, disse FontelesO colegiado cita o caso de Luiz Eurico Tejera Lisboa, o Ico, morto em São Paulo em 1972 e enterrado sob o nome de Nelson Bueno no Cemitério Dom Bosco, em Perus, extremo oeste de São Paulo. O corpo foi encontrado com um tiro na cabeça no bairro paulistano da Liberdade – laudo cadavérico e exames indicaram suicídio. Mas peritos que colaboram com a comissão encontraram “inconsistências nos laudos produzidos pelo regime que comprovam, na avaliação da CNV, que não foi um suicídio”.
“Eurico Tejera foi ‘suicidado’. Mataram ele”, afirma o coordenador do Grupo de Trabalho Graves Violações de Direitos Humanos da CNV, Claudio Fonteles.
O mesmo grupo de peritos auxilia a comissão em investigação sobre a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek, em 1976, em um acidente de automóvel que matou também o motorista de JK. O caso foi levado à CNV pela Comissão da Verdade da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Minas Gerais. “Investigações conduzidas nos anos 1980 e 90 lançam dúvidas sobre a morte”, afirma a comissão nacional.
Documentação
Fonteles abre amanhã (4), às 18h, o seminário internacional “Documentar a Ditadura”, no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro. O evento vai reunir pesquisadores e estudantes de diversas áreas, interessados nos acervos das ditaduras no Brasil (1964-1985) e na América Latina.
Fonte – Rede Brasil Atual