Objetivo é investigar massacre durante regime militar.
A representante da Comissão Nacional da Verdade (CNV), Maria Rita Kehl, visitará aldeias do povo Waimiri-Atroari, no município de Presidente Figueiredo, na sexta-feira, 5, para ouvir os indígenas sobre denúncias de massacre que teria ocorrido durante o regime militar.Maria Rita chegou a Manaus do início da tarde desta quarta-feira e, à noite, participou de uma reunião com membros do Comitê Estadual da Verdade, Memória e Justiça no Amazonas, no Sindicato dos Jornalistas do Amazonas.
A representante da CNV não quis revelar detalhes sobre a visita. “Prefiro falar com a imprensa apenas depois da visita às aldeias Waimiri-Atroari”, se limitou a dizer Maria Rita Kehl.
O coordenador do Comitê Estadual da Verdade, o indigenista Egydio Schwade, defendeu que haja mais diálogo entre o Comitê Nacional e o Estadual sobre o tema. “O positivo é que a representante da Comissão Nacional disse estar à disposição para discutir a visita. No entanto, toda a negociação foi feita diretamente com a Eletrobrás (entidade que coordena o projeto Waimiri-Atroa)”, frisou.
Questionado sobre como avalia a vinda de Maria Rita, Schwade se mostrou resignado. “Não posso fazer nenhuma avaliação porque não tenho nenhum dado, nem sei se poderemos acompanhar a visita. Nós estranhamos porque estávamos esperando esta vinda há quase um ano, inclusive uma resposta a nosso relatório, e ficamos surpresos com a visita repentina da CNV”,
O Comitê Estadual da Verdade, Memória e Justiça no Amazonas entregou, em outubro do ano passado, um relatório sobre o massacre de 2 mil indígenas da etnia Wamiri-Atroari, à Comissão Nacional da Verdade. A CNV está investigando, desde 2011, quando foi criada pela presidente Dilma Roussef (PT), os casos de violação aos direitos humanos durante a Ditadura Militar. Crimes praticados contra os povos indígenas também foram incluídos na investigação.
O relatório foi resultado de pesquisas realizadas por Schwade e descreve como ocorreram os assassinatos de pessoas e de aldeias inteiras do povo Waimiri-Atroari, nos quais estiveram envolvidos agentes das Forças Armadas do Amazonas e Funai, durante a construção de um trecho da BR-174 e da hidrelétrica de Balbina. Schwade participou do processo de alfabetização dos índios Wamiri-Atroari e disse que, através de desenhos, eles relatavam as violências que sofreram.
O Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas abriu um inquérito civil para apurar a responsabilidade do governo brasileiro pelas violações dos direitos do povo indígena Waimiri-Atroari.
Fonte – D24AM