A iniciativa faz parte do projeto “Marcas da Memória”, que prevê a indicação pública de lugares usados pela ditadura para cometer crimes.
Curiosamente, na semana passada o vereador João Carlos Nedel (PP), conhecido por defender o regime militar, inaugurou em solenidade um novo nome para o trecho de rua que passa em frente ao local: General Zenóbio da Costa, em homenagem ao fundador da polícia do Exército, morto em 1962.
Nedel foi o autor de um projeto instituindo o nome. A inauguração contou ainda com a presença de militares da reserva e da ativa.
O prédio onde funcionava o quartel já não existe mais. Na placa que conta o histórico do local, os ativistas pretendem informar que ali Carlos Lamarca, um dos mais famosos opositores do regime, permitiu a fuga de um oficial que havia sido detido.
No ano passado, manifestantes que pedem a punição de crimes da ditadura fizeram um protesto na praça e colaram adesivos com referências às torturas ocorridas no quartel.
O ativista Jair Krischke, do Movimento de Justiça, diz que a iniciativa do vereador de batizar a via em frente é uma “reação” ao plano de sinalizar locais usados pela repressão na cidade. Também critica a homenagem a um militar em um lugar que ficou conhecido por crimes do regime.
Procurado pela reportagem, Nedel, 71, diz que desconhece o “Marcas da Memória” e que nem sabia da inauguração do monumento pela ONG. “Aquela rua não tinha nome e foi uma forma de homenagear o Exército. Os militares ficaram muito satisfeitos”, diz.
Para ele, o país “perde tempo” com investigações sobre aquele período. Em 2011, Nedel ajudou a barrar iniciativa de vereadores do PSOL que propunha tirar de uma grande avenida de Porto Alegre o nome do primeiro presidente do regime, Castello Branco.
Fonte – Tnonline