Jovem teria sido morto em tiroteio com a polícia militar, em 1973. Comissão especial e família questionam a versão oficial.
O corpo de um ativista que lutou contra a ditadura militar no Brasil é exumado nesta segunda-feira (17) no Cemitério Parque da Colina, em Belo Horizonte. O procedimento é coordenado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) por meio da comissão especial sobre mortos e desaparecidos políticos; e realizado pela Polícia Federal (PF) e pelo Instituto Médico Legal (IML) de Ribeirão Preto (SP). Peritos destacados pela família, pelo Ministério Público Federal (MPF) e por representantes da Comissão Nacional da Verdade também acompanham a exumação.Segundo registros oficiais do DOI-CODI, órgão vinculado ao exército durante a ditadura militar que teve início com o golpe de Estado em 1964, Arnaldo Cardoso Rocha teria sido morto em uma troca de tiros com a polícia em São Paulo, no dia 15 de março de 1973. Na época com 23 anos, o jovem era militante da Coordenação da Aliança Libertadora Nacional (ALN), organização que lutou contra a ditadura. Contudo, a família do ativista questiona a versão oficial.
De acordo com a Secretaria de Direitos Humanos, esta é a primeira vez que um corpo é exumado em Minas Gerais para que sejam esclarecidas dúvidas sobre as causas de uma morte ligada ao regime militar.
A exumação foi solicitada por Annete Cardoso Rocha, mãe de Arnaldo, à Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Na época, a família recebeu o caixão lacrado e, desde então, contesta a versão do DOI-CODI.
Segundo familiares, poucos dias antes do fato, a companheira de Arnaldo, Iara Xavier Pereira, teria confirmado a gravidez do filho que o ativista morreu sem conhecer. Para a mãe do jovem, hoje com 91 anos, a exumação pode significar a solução de um mistério. “A perda de um filho ninguém paga”, afirma, explicando que está apenas em busca de uma explicação para as divergências nos relatórios oficiais.
A Comissão da Verdade foi criada em 2012 com a finalidade de apurar violações de Direitos Humanos entre os anos 1946 e 1988. Uma outra comissão, criada em 2001, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, é responsavel pela análise dos pedidos de reconhecimento do direito à anistia e reparação econômica de 475 brasileiros mortos e desaparecidos durante o regime militar, A comissão da Anistia também é encarregada dos 72 mil requerimentos feitos até agora exigindo o reconhecimento de algum tipo de lesão grave ao direito por perseguição política.
Fonte – G1