Rui Moreira Lima foi piloto de combate na 2ª Guerra Mundial, em missões na Itália, e se negou a apoiar o golpe militar em 1964
Por ter se negado a apoiar o golpe militar. ele foi perseguido e preso três vezes. Foto: Força Aérea Brasileira / Divulgação
O major-brigadeiro do ar Rui Moreira Lima, 94 anos, veterano da Segunda Guerra Mundial e fundador da Associação Democrática e Nacionalista dos Militares (Adnam), morreu na madrugada desta terça-feira no Hospital Central da Aeronáutica, onde estava internado há 47 dias na unidade de terapia intensiva (UTI) por causa de um acidente vascular cerebral. Ele teve uma parada cardíaca às 4h30.
O brigadeiro deu depoimento à Comissão Nacional da Verdade em outubro do ano passado e sua história motivou a criação do grupo de trabalho dedicado a militares perseguidos. Na abertura da sessão desta terça-feira do grupo, o consultor Paulo Ribeiro da Cunha lamentou a morte e disse que o militar era uma pessoa extraordinária, que inspira o processo de luta pela verdade. “Hoje nossos trabalhos serão permeados pela emoção dessa perda”, disse ele.
Nascido em 12 de junho de 1919, em Colinas, no Maranhão, o brigadeiro foi piloto de combate na 2ª Guerra Mundial, em missões na Itália. De volta ao Brasil, chegou a ser comandante da Base Aérea de Santa Cruz, no Rio, mas foi perseguido pelos militares a partir de 1964, por ter se negado a apoiar o golpe militar.
Lima é o autor do livro Senta a Pua!, no qual conta as memórias dos combates na Itália. Posteriormente, o livro ganhou uma versão em documentário, com o mesmo nome. Em sua última obra – O Diário de Guerra – ele narra suas missões durante toda a vida. O brigadeiro foi preso três vezes.
Na última, seu filho, Pedro Luiz Moreira, foi detido como forma de chegar a ele. Pedro deu depoimento ontem para a Comissão Nacional da Verdade e para a Comissão Estadual da Verdade do Rio, contando que a perseguição a seu pai se estendeu a toda a família. O corpo do militar será velado no Instituto Histórico da Aeronáutica, às 14h, e o enterro será às 16h, no Cemitério São João Batista.
Agência Brasil