‘A ditadura me tirou de Minas Gerais’, diz presidente Dilma Rousseff em BH

Ela quebrou protocolo e passeou pela Praça da Liberdade. Dilma participou da inauguração de centro cultural na capital mineira.

Dilma quebrou protocolo, pediu licença à segurança e passeou pela Praça da Liberdade

 

A presidente da República, Dilma Rousseff, quebrou o protocolo na tarde desta terça-feira (27) e passeou na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte. Ela contou que morou na região durante a infância e disse que a ditadura militar foi responsável pela saída dela da capital mineira. “A ditadura me tirou de Minas Gerais, e fui acolhida no Rio Grande do Sul”, afirmou.

Dilma Rousseff participou da inauguração do Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte (CCBB-BH), no Circuito Cultural da Praça da Liberdade, em Belo Horizonte. Ela estava acompanhada pelo governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, pelo prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, além dos ministros Marta Suplicy, Aloizio Mercadante, Helena Chagas e de Antônio Andrade.

Pouco antes de entrar no CCBB, a presidente pediu licença à segurança e andou pelas alamedas da Praça da Liberdade. Ela contou que morou na Rua Sergipe, nas proximidades da praça, e que passou a infância na região. À ministra da Cultura, Marta Suplicy, Dilma mostrou o Edifício Niemeyer, projetado por Oscar Niemeyer e que é um dos pontos mais conhecidos da praça.

Ela falou ainda sobre uma lanchonete situada em uma esquina da praça, que ainda funciona no local. “Ali as pessoas iam namorar quando eu tinha uns 14 anos”, revelou.

Depois, já na inauguração do centro, ela deu mais detalhes de sua infância. “Meus primeiros passos foram aqui [na praça]. Morei até uns dez anos na Rua Sergipe, número 1.348, e circulei da Rua Sergipe para a praça, do Minas Tênis para o Colégio Izabela Hendrix durante uma parte muito grande da minha vida. Me traz recordações de, não vou falar quantos, mas muitos anos atrás”, destacou Dilma.

Ela se lembrou que saiu de Minas durante a Ditadura Militar. “A ditadura me tirou de Minas Gerais, e fui acolhida no Rio Grande do Sul. Aqui em Minas Gerais tem umas pessoas que dizem que eu não sou mineira. Agora, lá no Rio Grande do Sul, quem não gosta de mim diz que não sou gaúcha. Que eu não sou gaúcha, eu acho que fica um pouco óbvio porque ninguém fala ‘ocê’ no Rio Grande do Sul, e nem fala ‘uai’. Mas também eu já misturei um pouco, porque eu falo barbaridade. Eu sou esta mistura. E esta mistura tem um ponto de partida, que é esta Praça da Liberdade”, disse.

A presidente ressaltou também a satisfação de ver o coreto da Praça da Liberdade revitalizado. E prometeu ao governador Antonio Anastasia voltar à cidade quando tiver alguma banda tocando no coreto, tradição mineira de cidades do interior.

CCBB-BH

O Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte (CCBB-BH), resultado de uma parceria entre o banco e o governo de Minas Gerais, estará aberto ao público a partir desta quarta-feira (28). As obras de restauração e adaptação do prédio projetado em 1926 pelo arquiteto Luiz Signorelli foram iniciadas em agosto de 2009. De acordo com o BB, aproximadamente R$ 37 milhões foram investidos na reforma, no restauro e na aquisição de mobiliário e equipamentos.

Para a estreia da programação, o CCBB-BH recebe a exposição internacional Elles: Mulheres Artistas na coleção do Centro Pompidou. A mostra apresenta obras do acervo do Centre Georges Pompidou – Musée National d’Art Moderne, de Paris, que abriga a maior coleção de arte moderna da Europa. O público terá acesso a uma nova perspectiva sobre a história da arte moderna e contemporânea, abrangendo um período que vai do início do século XX aos dias de hoje, com obras de arte em diversos suportes (pinturas, esculturas, desenhos, fotografias, vídeos e instalações), produzidas por cerca de 70 artistas mulheres, entre elas, Frida Kahlo, Louise Bourgeois, Sophie Calle, Nan Goldin, Diane Arbus, Cindy Sherman, Suzanne Valadon.

Asilo a senador boliviano

Antes de embarcar para Belo Horizonte, a presidente Dilma Rousseff já havia se lembrado dos tempos da ditadura, ao comentar o caso do senador boliviano Roger Pinto Molina. Ela afirmou que o Brasil “jamais” poderia ter colocado em risco a segurança do político e criticou a operação que o retirou, sem autorização do governo da Bolívia, da embaixada brasileira em La Paz, onde estava na condição de asilado havia um ano.

 

A operação foi organizada pelo encarregado de negócios da embaixada, o diplomata Eduardo Saboia, sem autorização do governo boliviano. Dilma também questionou associações feitas por Saboia da situação como vivia o senador boliviano na embaixada brasileira em La Paz com o Doi-Codi, órgão de repressão do regime militar e em cuja sede presos políticos eram submetidos a torturas. Para a presidente, a sede da embaixada é “extremamente confortável” e fica distante do DOI-Codi como o “céu do inferno”.

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