Os senadores dizem acreditar que não haverá restrições do Exército ao ingresso dos integrantes das Comissões da Verdade, uma vez que a visita dos congressistas foi negociada com o ministro Celso Amorim (Defesa) e com o general Enzo Peri, comandante do Exército.
Os congressistas chegaram a aprovar autorização para diligência no antigo DOI-Codi, mas a Comissão de Direitos Humanos transformou a ida em convite depois que o general formalizou a autorização para que o grupo conheça o local. Um grupo de senadores se reuniu com Amorim e Peri na terça-feira (3).
“Se eles vetarem a entrada de senadores, eu vou dizer que eles continuam mandando no Brasil. Eles queriam que fossem apenas senadores, mas os integrantes da Comissão Nacional da Verdade e da Comissão Estadual estarão nos acompanhando”, disse o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).
O requerimento que autoriza a ida dos senadores foi aprovado nesta quinta-feira pela Comissão de Direitos Humanos do Senado.
O senador João Capiberibe (PSB-AP), que vai participar da visita, disse que o objetivo dos congressistas é articular a criação de um memorial contra a ditadura militar, numa espécie de holocausto contra os crimes de tortura que ocorreram no local.
Na conversa com o general, segundo Capiberibe, Peri demonstrou preocupação com a possibilidade de as Comissões da Verdade “revolverem o passado na expectativa de punição, como se fosse uma ideia revanchista”. O senador disse a Peri que essa não é a intenção dos congressistas, mas afirmou que “não dá para esquecer que alguns de seus integrantes praticaram crimes contra a humanidade”.
VETO
Em agosto, o CML (Comando Militar do Leste) vetou a visita da Comissão Estadual da Verdade do Rio às dependências do antigo DOI-Codi. Deputados e membros da comissão foram barrados ao tentar visitar o 1º Batalhão de Polícia do Exército, onde funcionava o aparelho de repressão durante a ditadura militar.
O objetivo era pressionar para que o prédio seja tombado e se torne um centro de memória sobre a tortura praticada durante o regime militar.
O CML impediu a visita sob o argumento de que a comissão não tem respaldo legal para fazer diligência em área administrada pelo governo federal.
No local, foi preso e torturado o ex-deputado federal Rubens Paiva.
O grupo chegou ao local pela manhã e não teve a entrada autorizada. De acordo com Wadih Damous, presidente da comissão, o Exército havia sido notificado sobre a visita, mas informou que não permitiria a entrada.
Fonte – Folha de S.Paulo