Exibição do filme Dossiê Jango e debate

O Centro de Memória Sindical e a Força Sindical convidam para exibição do filme Dossiê Jango (Brasil, 2013), do diretor Paulo Henrique Fontenelle, seguido de debate sobre as polêmicas que envolvem a morte do ex-presidente João Goulart, em 1976, no contexto da chamada Operação Condor, instituída pelo governo militar chileno, com apoio dos governos militares latino americanos e dos EUA.

O filme traz novas informações, apresenta documentos, depoimentos, questiona a postura dos governos brasileiros – de 1985 a 2013 – com relação à história tida como oficial e aborda a sequencia de mortes e perseguições políticas no Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai, demonstrando a articulação entre as ditaduras latino americanas, fortemente apoiadas e patrocinadas pelo governo estadunidense.

Os mistérios que rondam a morte do presidente João Goulart voltaram ao noticiário com a exumação de seu corpo no ensejo da Comissão Nacional da Verdade. Neste momento em que o governo brasileiro assume um compromisso de acertar contas com o passado o filme Dossiê Jango surge como um rico instrumento de debate,  que mais do que esclarecer questões, suscita dúvidas pertinentes e profundas sobre a história do Brasil.

Para debater este assunto convidamos:

João Vicente Goulart – presidente do Instituto João Goulart.
Andréa Casa Nova Maia – Doutora em História Social pela Universidade Federal Fluminense.
José Gaspar Ferraz de Campos – sociólogo, vice presidente do PDT-SP.
João Carlos, Juruna – Secretário Geral da Força Sindical.
Milton Cavalo (mediador) – presidente do Centro de Memória Sindical e presidente do PDT-Osasco.

Serviço

Dia 26 de setembro de 2013

Hora 14:00 às 15:45  Exibição do filme Dossiê Jango
15:45 às 16:00 Intervalo
16:00 às 18 hs  Debate

Local Auditório da Força Sindical Rua Rocha Pombo, 94, 2º andar.

 

 

Sobre o Filme

Dossiê Jango levanta as polêmicas envolvendo a morte do ex-presidente João Goulart e questiona a postura dos governos brasileiros – de 1985 a 2013 – que, mesmo na era democrática, não se preocuparam em reaver esta história e honrar o presidente morto ainda no exílio (impedido de voltar ao Brasil).

O filme passa rapidamente pela trajetória política do ex-presidente, mas não se debruça sobre ela como fez o belo Jango, de Silvio Tendler (1984). O foco de Dossiê Jango é o obscurantismo que cerca a morte de João Goulart, em 1976, na Argentina.

Através deste tema o filme aborda a sequencia de mortes e perseguições políticas no Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai, no contexto da chamada Operação Condor, instituída pelo governo militar chileno, com apoio dos governos militares dos países citados e dos Estados Unidos da América.

O filme vai além do que é sabido no senso comum em termos de ditadura militar. Tanto que logo no início a frase provocadora intriga o expectador: “tudo que pensamos ser verdade um dia muda”. Ele mostra com argumentos lógicos e documentados a articulação entre as ditaduras latino americanas, fortemente apoiadas e patrocinadas pelo governo estadunidense que no contexto da Guerra Fria visava cooptar territórios políticos, mantendo-os nos arreios de sua ideologia capitalista. Gravações em áudio do embaixador Lincoln Gordon e do ex-presidente americano John Kennedy, exibidas no filme, comprovam a preocupação americana com o momento político do país. Em outra passagem o também ex-presidente Lyndon Johnson revela que seria possível agir no Brasil para instituir a ditadura e assegurar o afastamento de Jango.

Mas, o mais interessante é que Dossiê Jango defende que esta não é uma situação que ficou no passado, superada pelo fim da ordem mundial bipolar e pela redemocratização brasileira. Com a afirmação “aqueles que pensam que derrotaram Jango, nós estamos debatendo Jango até hoje”, João Vicente Goulart, o filho do ex-presidente, ilustra como esta é uma ferida aberta na nossa história.

Jango era temido pela elite e pelo regime militar devido às suas ideias progressistas e, sobretudo, devido à sua grande aceitação popular. Por isso sua trajetória na política sempre foi marcada por boicotes e tentativas de golpes. Mas mesmo morto Jango incomodava. E, pelo visto, ainda incomoda.

 

Neste momento em que o governo brasileiro demonstra uma disposição em “acertar contas com o passado” através da criação da Comissão Nacional da Verdade, o filme Dossiê Jango surge como um rico instrumento de debate. Um instrumento que mais do que esclarecer questões, suscita dúvidas pertinentes e profundas sobre a história do Brasil.

 

Fonte – Memória Sindical

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