Exposição revela documentos da ditadura militar

A mostra Memórias Reveladas, em cartaz no Arquivo Público, revela documentos que mostram como os órgãos repressores acompanhavam e perseguiam os “subversivos” no Ceará. A visitação é gratuita

Relíquias de um período negro do país podem ser vistas no Arquivo Público até o começo de dezembro

Em 1979, um informe da Delegacia de Ordem Política e Social (Dops) no Ceará dava conta de que a histórica greve dos bancários daquele ano havia acabado pacificamente no Estado. No entanto, alertava o documento, havia um entendimento entre sindicalistas cearenses e “grevistas do Sul (…), entre eles o líder sindical Lula”, que deveria vir a Fortaleza para ajudar na mobilização dos trabalhadores. Em outro relatório confidencial, de 1971, membros do Dops denunciam que o Seminário da Prainha estava sendo frequentado por “elementos da esquerda”.

Esses são alguns do casos mostrados nas páginas da exposição Memórias Reveladas – Lutas Políticas no Ceará (1964 – 1985), que entrou ontem em cartaz e permanece até o dia 4 de dezembro, no Arquivo Público, com visitação gratuita. São mais de 30 documentos, entre originais e reproduções, que ajudam a entender como os órgãos de repressão acompanhavam a atuação dos ditos “subversivos” no Estado.

São relatórios, informes, fotografias e pedidos de busca, que constavam do acervo de órgãos estaduais e federais. A papelada veio à tona em 2005, através de um anônimo.

Um relatório de 1979, por exemplo, revela que o Dops acompanhou vigília organizada por militantes para celebrar o aniversário de morte do jornalista Vladimir Herzog, morto quatro anos antes nas dependência do 2º Exército, em São Paulo. Participaram da celebração, de acordo com o registro, a ex-prefeita Maria Luiza Fontenele, o advogado Tarcísio Leitão e a integrante do Crítica Radical, Rosa da Fonseca.

O diretor do Arquivo, Márcio Porto, chama a atenção também para o excessivo número de processos contra religiosos, acusados de promoverem a subversão no clero. “Muitos dos padres acusados não tinham nenhuma ligação com marxismo ou coisas do tipo. O que ocorre é que, naquela época, a Igreja era mais inserida no contexto social, mais próxima da população e isso era confundido”, explica.

 

SERVIÇO

Exposição Memórias Reveladas

Quando: em cartaz até 4 de dezembro – Visitação: de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 17h

Onde: Arquivo Público (rua Senador Alencar, 348 – Centro)

Informações: (85) 3101.2615

 

A exposição faz parte da Semana da Cultura no Arquivo Público, que conta ainda com os seguintes eventos:

Oficina com as graduandas em História, Bruna de Oliveira, Cleidiane Morais e Patrícia Marciano, sobre as possibilidades de pesquisa para historiadores com a temática da Polícia do Ceará nos tempos do Império.

 

Quando: amanhã, 6, das 13h30min às 17h – vagas limitadas

 

Fonte – O Povo

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