Desde o dia 30 de novembro de 2013 Volta Redonda perdeu um ilustre cidadão: D Waldyr Calheiros. Talvez o maior deles. A jovem “Cidade do Aço” exigiu deste Bispo, Emérito, desde um tempo para cá, um enorme esforço e tremendos desafios.
Nos anos de chumbo de 1964 até 1988, quando a “constituição Cidadã” foi promulgada, Volta Redonda, afiou seu aço e se endureceu ainda mais contra e ele, seus trabalhadores e todos (as) aqueles que lutaram contra as injustiças.
Este corajoso Bispo que durante sua honrada existência, até mesmo questionou a linha conservadora do Vaticano, pregando um evangelho que desse mais voz e vez aos pobres, ganhou “notoriedade” desafiando os generais golpistas e seu regime cinzento. Ele colocou por várias vezes sua vida atribulada em risco para defender oprimidos e explorados. Em pleno auge da Ditadura Militar quando militantes comunistas e padres eram caçados, torturados, mortos e “desaparecidos” nos quartéis, ele ofereceu sua vida para arrancar das masmorras, jovens inocentes que estavam sendo torturados no Quartel deBarra Mansa, fortaleza que munido da Lei de Segurança Nacional cuidava de fazer manutenção da “lei e da ordem” na “Cidade do Aço”.
Dom Waldyr, desprezou o luxo e pompas e escolheu marchar do lado SINDICATO dos METALÚRGICOS, trabalhadores da CSN, FEM, empreiteiras e a classe operária, em particular, na região sul fluminense de um modo geral.
Sua grande e última batalha ao lado da classe operária, volta-redondense se deu em 1988, quando a Ditadura agonizante queria ressuscitar-se em Volta Redonda, assassinado três operários da CSN-FEM, os quais entre outras coisas, lutavam pelo turno de 6h e a readmissão dos demitidos por greves. Mesmo decepcionado com essa forma sangrenta de se restabelecer a democracia na cidade E no Brasil, mais uma vez, o combativo bispo, se alinhou com a classe operária e ajudou a colocar pra correr os gorilas golpistas de 1964. Não será exagero afirmar que ali na “batalha da CSN” os Block Iron, deram o atestado de óbito definitivo da Ditadura Militar no país.
Incansável lutador, que por várias vezes esteve do lado dos sem terra e sem teto, teve uma participação decisiva na busca de anistia para os ativistas grevistas que Brasília sob pressão do “neoliberalismo” resistia em reconhecer.
Como um dos beneficiados da anistia conquistada, agradeço o dia em que Celia que trabalhava com ele na Cúria, me apresentou. Eu, como comunista, obviamente, tinha algumas divergências com ele, mas sinto orgulho por algumas vezes ter convivido e lutado ao lado deste grande homem.
Ao ver hoje, vésperas de seu sepultamento, seu corpo já sem vida, ali no chão da igreja Nossa Senhora da Conceição, tendo ao lado seu chapéu e sua sandália, exemplos da vida simples que cultivava, somos forçados a refletir, que VALEU E MUITO LUTAR AO LADO DESTE JUSTICEIRO, embora as injustiças ainda persistam, pois seu fim só dará com o fim do capitalismo. OXALÁ SEU EXEMPLO SE MULTIPLIQUE E CONTAGIE A ATUAL E A NOVA GERAÇÃO.
VALEU A PENA DOM WALDIR! A LUTA CONTINUA!
Ass.Cerezo
Ex-diretor do Sindicato dos Metalúrgicos, da CUT, ex-presidente do PT-VR. Anistiado desde 2009